terça-feira, 11 de agosto de 2009

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópoles, Editora Vozes: 2007

- TERCEIRA PARTE

DISCIPLINA

CAP. III - O PANOPTISMO

Espaço rechado, vigiado, recoratado em que se inserem indivíduos, em que todos os acontecimentos são controlados, registrados - cada indivíduo é localizado, examinado, distribuído. Trata-se da ordem respondendo à peste.

Sonho político da peste: divisões estritas; superpenetração do poder por meio de uma hierarquia, determinações "verdadeiras" de lugar, nome, corpo e doença. Peste com seu correlato político e médico.
Lepra: gerou modelos de exclusão. Peste: esquemas disciplinares. Leproso é deixado, rejeitado, sem diferenciação; já os pestilentos, são submetidos a um policiamento meticuloso, que os divide. Cidade pestilenta como utopia da cidade perfeitamente governada: cidade atravessada pela hierarquia, olhar, vigilancia documentação: "Para fazer funcionar a segundo a pura teoria os direitos e as leis, os juristas se punham imaginariamente o estado de natureza; para ver funcionar suas disciplinas perfeitas, os governantes sonhavam com o estado de peste" (p.165)

Sistemas diferentes que se aproximam no século XIX, e dos quais todas as formas de marcar o anormal nos dias de hoje decorre.

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Panóptico de Bentham: figura arquitetural dessa composição (p.165 para compreender em detalhes a arquitetura). Em suma: um círculo em cujo centro está (ou pelo menos aparenta estar) um vigia. Deste centro sai a luz, iluminando presos, alunos, pacientes médicos e etc... de modo que sejam vistos mas não vejam, objeto de informação, não sujeito de comunicação.

Visibilidade axial e invisibilidade lateral: garantia da ordem. Efeito mais importante do panóptipo: "induzir no detento um estao consciente de visibilidade que assegura o funcionamento automático do poder" (p.166). Poder visível e inverificável, marcado pela dissociação do "par ver-ser visto". Autonomiza e desindividualiza o poder, não importando quem o exerça. Relação de sujeição real que nasce de uma relação fictícia, não sendo necessário fazer o uso da força para obrigar. Assim, os que estão submetidos ao poder tornam-se princípio de sua própria sujeição, assim, o poder externo tende mais ao incorpóreo.

O outro aspecto do panóptipo é sua utilização como máquina para modificar, treinar ou fazer experiencias: laboratório do poder. Aumento do saber por eficácia e capacidade de penetração no comportamento dos homens.

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Panóptipo deve ser entendido por poder ser generalizável de funcionamento, definir relações de poder com a vida cotidianados homens. Figura de tecnologia politica, mecanismo de poder levado em sua forma ideal. Pode ser usado toda vez que se tiver uma multiplicidade de indivíduos para os quais se deve impor uma tarefa ou comportamento. Aperfeiçoar o exercício do poder: reduz gastos (numero dos que os exercem) multiplica benefícios (numero aos quais se exerce). Intensificador: assegura sua economia (o caráter preventivo, funcionamento contínuo e automático). Possibilidade de controle democrático deste tipo de poder, impossibilitando que ele se torne tirânico.

Destinado a se difundir no corpo social.