terça-feira, 1 de novembro de 2011

ARON, Raymond. As Etapas do Pensamento Sociológico. Martins fontes: São Paulo, 2008 MAX WEBER:

ARON, Raymond. As Etapas do Pensamento Sociológico. Martins fontes: São Paulo, 2008


MAX WEBER:


Weber distingue quatro tipos de ação social.


  1. Ação racional com relação a um objetivo: definida pelo fato de que o ator concebe claramente seu objetivo e combina os meios disponíveis para atingi-lo (ex: engenheiro que quer construir uma ponte). Ela se define com base no conhecimento do ator, não do observador.

  2. Ação racional com relação a um valor: Ação e racional não por tender a alacancar um objetivo definido e exterior, mas pois seria desonroso deixar de responder ao desafio. O ator age racionalmente, assumido os riscos, não para obter um resultado extrínseco, mas para permanecer fiel a sua idéia de honra. Ex: Marinehiro que afunda com seu navio.

  3. Ação afetiva e ditada imediatamente pelo estado de consciência ou humor do sujeito.

  4. A ação tradicional se dita por hábitos, costumes e crenças traansformados numa segunda natureza.

Sociologia: ciência preocupada em compreender a ação social (incluído aqui a percepção de sentido que o ator atribui a sua conduta). Traço característico do mundo em que vivemos e a racionalizacao. Portanto a sociologia quer compreender (= apreender o significado), interepretar (= organizar o sentido subjetivo em conceitos) e explicar socialmente (= evidenciar as regularidades das condutas).


Ação social e um comportamento humano, atitude interior ou exterior, voltada para ação ou abstenção. Trata-se de ação quando o ator atribui a conduta um certo sentido. "Trata-se de ação social quando de acordo com o sentido que lhe atribui o ator, ela se relaciona com o comportamento de outras pessoas" (ARON, 2008, p. 803).


Ação social se organiza em relacao social: "há uma relação social quando o sentido de cada ator, de um grupo de atores que age, se relaciona com a atividade do outro, de modo que suas ações são mutuamente orientadas" (ARON, 2008, p. 803). Podemos falar em costume quando tal relação social se torna regular, e em habito quando a origem da relação tem longa tradição, transformando-a em segunda natureza: tradição se torna uma forma espontânea de agir. Aqui surge a questão da probabilidade.


Processos de integração dos atores pode levar a criação de uma sociedade (geselschaft) ou comunidade (geminschaft). Podemos distinguir o processo de societarizacao (Vergesellschaftung) e comunitarizacao (vergemeinschaftung).


Quando o resultado do processo de integração e uma comunidade, o sentimento de pertença experimentado pelos participantes do grupo se da por uma motivação afetiva ou tradicional.


Se na integração somos levaados a uma sociedade, isso se deve ao fato que os motivos das ações sociais se baseiem em considerações ou ligações de interesses, ou leva ao acerto de interesses.



COHN, Gabriel. Critica e Resignacao Parte II - A difícil integridade

COHN, Gabriel. Critica e Resignacao

Parte II - A difícil integridade

Capitulo 1. Racionalidade e compreensão

"Weber também jamais se dedicou a um confronto explicito com a dialética marxista. E precisamente por isso que, apesar da obvia importância de Marx – ou melhor, das concepções do marxismo que circulavam na época de Weber – para suas próprias idéias, enquanto ponto de referencia negativo, não há necessidade, no presente trabalho, de estabelecer um confronto direto entre ambos esses pensadores (...) parece estar suficientemente comprovado que realmente Weber sempre trabalhou a margem do pensamento de Marx, sem jamais atravessa-lo criticamente" (COHN, 2003, p. 117).

"Convem, de qualquer modo, advertir desde logo, contra a tendência, encontradiça na bibliografia, de apresentar Weber como uma espécie de paladino antimarxista, preocupado com a formulação de uma contrapartida idealista ao materialismo histórico" (COHN, 2003, p. 117).

Em sua própria vida Weber enfrentou este problema. Honigsheim (seu amigo e discípulo) afirma que um historiador, DElbruck, "tentou difundir a idéia de que a tese de Weber sobre a relação entre calvinismo e capitalismo constituía um caspo exemplar de idealismo antimarxista" (COHN, 2003, p. 117), mas Weber retrucou afirmando que não aceitava isso, sendo muito mais materialista do que Delbruck pensa.

Há afirmações de Weber "de que ele estava mais preocupado com 'completar' a obra de Marx do que com refuta-la diante a inversão da sua perspectiva"

Stern chega a afirmar que se tomarmos a obra da sociologia da religião de Weber como um todo, chega-se "a uma conclusão exatamente inversa daquela que formula na Etica protestante. Toda sua obra esta permeada por uma convicção: a organização de uma sociedade e as correntes de pensamento que a animam são, em ultima analise, o produto da relação de forcas entre as camadas que a compõem. Eis o que nos aproxima considerávelmente da concepção de Marx! (STERN apud COHN, 2003, p. 118).

Ponto em comum entre os dois: "posição central atribuida aos problemas da sociedade capitalista na obra de ambos, ainda que com a diferenteca de que num caso isso conduz a uma critica revolucionaria e no outro a uma critica marcada pela resignação". (COHN, 2003, p. 118)

WEBER, Max. Economia e sociedade. Brasília: Editora da UNB, 2009.

WEBER, Max. Economia e sociedade. Brasília: Editora da UNB, 2009.

Capitulo 1. Conceitos sociológicos fundamentais

I. Fundamentos metodologicos

Método destas definições conceituais não pretende ser algo novo, mas formular de maneira mais adequada o que toda sociologia empírica quer dizer quando fala das mesmas cosias. Distancia-se de Simmel pois este não distingue o sentido visado do sentido objetivamente valido.

§1 Sociologia: ciência que quer compreender interpretativamente a ação social, explicando-a casualmente em seu curso e seus efeitos. Ação = comportamento humano sempre que o(s) agente(s) se relacionem com um sentido subjetivo. Por ação social = "quanto a seu sentido visado pelo agente ou os agentes, se refere ao comportamento de outros, orientado-se por este em seu curso." (WEBER, 2009, p. 3). Encontra como objeto da sociologia a acao social, entendida por orientar-se, em refrencia a outro, agindo em relacao a um sentido.

  1. Sentido subjetivamente visado, não objetivo. a) numa realidade histórica; b) num tipo puro conceitualmente construído. Ao sentido não cabe indagar metafisicamente a veracidade ou o grau de correto.

  2. Grau de fluidez do limite entre uma ação com sentido e um comportamento simplesmente reativo (sem ligação com um sentido visado pelo agente). Ação purmente tradicional esta na fronteira de ambos.

  3. Interpretação pretendendo alcançar uma evidencia. Evidencia da compreensão pode ser a) caráter racional ou b) caráter intuitivamente compreensivo. O tipo ideal permite a compreensão da ação real, que influenciada por irracionalidades de toda a especia elas são tidas como desvios no desenrolar de um comportamenteo que se espera puramente racional.

  4. coisas se tornam compreensíveis por sua referencia a ação humana, seja como meio ou fim

  5. Compreensão: 1) compreensão atual do sentido visado de uma acao; 2) compreensao explicativa: "compreendemos, pelos motivos, que sentido tem em mente aquele que diz 2 x 2 = 4. Explicação, para uma ciência ocupada com o sentido da ação: "apreensão da conexão de sentido a que pertence uma ação compreensível de maneira atual, segundo seu sentido subjetivamente visado" (WEBER, 2009, p. 6).

  6. "Compreensão": "Apreensão interpretativa do sentido ou da conexão de sentido" (WEBER, 2009, p. 6): a) no caso individual; b) em media e aproximadamente; c) construído cientificamente como tipo ideal, puro de um fenômeno freqüente. Toda interpretação pretednde alcançar evidencia, mas nenhuma pode pretender ser também a interpretação causal valida. Imputação permanece uma hipótese.

  7. Motivo: conexão de sentido que para o agente ou para o observador "constitui a razão de um comportamento quanto ao seu sentido" (WEBER, 2009, p. 8).

  8. Importância de regularidades incompreensíveis que não podem ser qualificadas como "fatos" e "regras", ou seja, não tem a mesma posição nas ações compreensivas.

  9. Ação compreensível existe na forma de comportamento de um ou de vários indivíduos.Sociologia: "objeto a ser investigado e precisamente a conexão de sentido das ações" (WEBER, 2009, p. 9). Instituições existem nsa representações coletivas que fazem e no pensamento jurídico, representam algo que vigora na mente de pessoas reais.

  10. "leis" como "probabildiades típicas, confirmadas pela observação de ações sociais a ser esperado em determinadas condicoes, e que são compreensíveis a partir de motivos tipos e de sentido típico visado pelos agentes" (WEBER, 2009, p. 12). Temos a afirmacao de que quando o curso observado se baseia em motivos racionais orientados para fins e quando a relacao entre meio e fim segundo a experiencia e inequivoca, seriamos obrigados a ver que se se agisse de maneira rigorosamente racional se agiria assim e ponto.

  11. Sociologia: constrói conceitos de tipos e busca regras gerais dos acontecimentos. O tipo deve ser ideal, puro, para então fazer uso da casuística sociológica. Construção de medias, de tipos médios: "quanto mais nítida e inequivocamente se construam esses tipos ideais, quanto mais alheios do mundo esteja, neste sentido, tanto melhor prestarão seu serviço, terminologica, classificatória bem como heuristicamente" (WEBER, 2009, p. 13)


II. Conceito de ação social


  1. "Ação social (contendo omissão ou tolerância) orienta-se pelo comportamento de outros, seja este passado, presente ou esperado como futuro (...) os outros podem ser indivíduos e conhecidos ou uma multiplicade indeterminada de pessoas completamente desconhecidas". (WEBER, 2009, p. 14). Vemos que as relações humanas são de aproximação e afastamento, aconchego e conflito. A ação social e tida como o átomo ultimo da sociologia.

  2. Nem toda ação e social. No plano externo, não o e quando se refere a expectativa de determinado comportamenteo de objetos materiais (abrir o guarda-chuva quando chove). No que se refere ao comportamento interno, ele so se torna ação social quando se orienta pelas ações dos outros.

  3. Contato entre pessoas so tem caráter social quando há sentido, orientação pelo comportamento de outra pessoa. Choque entre ciclistas e um acontecimmento natural, não passível de sentido, mas de explicação.

  4. Exemplo do guarda chuva: ação social não e idêntica a: a) uma ação homogênea de varias pessoas; b) nem a qualquer influencia pelo comportamento de outras – de maneira reativa ou por imitação (como também no caso de influencia das massas) não são casos de ação social.


§2 Acao social pode ser determinada: 1) de modo racional referente a fins: "por expectativas quanto ao comportamento de objetos do mundo exterior e de pessoas, utilizando essas exppectativas como "condições" ou "meios" para alcançar fins próprios, ponderados e perseguidos racionalmente, com sucesso" (WEBER, 2009, p.15) ; 2) de modo racional referente a valores: crença consciente no valor, independente do resultados 3) de modo afetivo: por afetos ou estados ecomcionais atuais; 4) de modo tradicional: por costumes arraigados.


  1. Comportamento tradicional encontra-se no limite daquilo que podemos chamar de ação social orientada pelo sentido, não passando, muitas vezes, de reações surdas a ações cotidianas habituais.

  2. Comportamento estritamente afetivo pode ser uma reação desenfreada a um estimulo não-cotidiano.

  3. Ação afetiva e racional referente a valores se distingue pois a ultima tem mais consciência da elaboração de alvos últimos. Tem em comum que o sentido da ação não esta no resultado, mas sim na própria ação em sua particularidade. Ação racional com relação a valores se baseia numa convicção que lhe parece ordenar um dever, um mandamento, uma exigência que o agente crê a ele se destinarem, fazendo-a sem considerar as conseqüências previsíveis.

  4. Ação racional referente a fins: "orienta sua ação pelos fins, meios e conseqüências secundarias, ponderando racionalmente tanto os meios em relação as conseqüências secundarias, assim como os diferentes fins possíveis entre si" (WEBER, 2009, p.16). No caso da ação racional referente a valores o agente ate pode observar as conseqüências, mas prefere fazer a acao por considera-la mais importante, a despeito de suas conseqüências. Do ponto de vista da racionalidade referente a fins a racionalidade referente a valores terá sempre caráter de irracional, tanto mais quanto mais absoluto for o valor pela qual ela se orienta.

  5. Excepcionalmente a ação social se orienta de uma ou de outra maneira: o tipo e puro, a realidade não.


§3
Relacao social: comportamento "reciprocamente referido quanto a seu conteúdo de sentido por uma pluralidade de agentes e que se orienta por essa referencia (...) completa e exclusivamente na probabilidade de que se aja socialmente numa forma indicavel (pelo sentido)" (WEBER, 2009, p.16). Portanto age-se com referencia ao comportamento do outro.


  1. Necessidade de um mínimo de relacionamento recíproco entre as ações de ambas as partes como característica conceitual: atentemos que não se trata de maneira alguma de falar em solidariedade, nem no contrario.

  2. Fala-se aqui no sentido empírico visado pelos participantes no caso conreto, em media ou no tipo puro. Jamais falemos em correto ou verdadeiro.

  3. Não devemos pensar que no caso concreto eles ponham o mesmo sentido na relação social, ou se adaptem inteiramente, quanto ao sentido, a ação do parceiro. Deve haver uma referencia recíproca das ações de ambas as partes. Temos o problema aqui da realidade impura com relação ao conceito puro

  4. Pode ser transitória ou permanente. Sua existência esta relacionada com uma probabilidade: "julgamos que há ou houve a probabilidade de que, por causa de determinada atitude de determinadas pessoas, se agira de determinada maneira indicavel, de acordo com um sentido visado em media, e mais nada" (WEBER, 2009, p.17)

  5. Conteúdo do sentido de uma realcao social pode mudar

  6. Podemos observa-los por forma de máximas

  7. Conteúdo de uma relação social pode ser combinado reciprocamente, e cada um orienta sua ação a promessa feita ao outro.


§4 Podemos observar regularidades na ação social, com estes tipos de recursos, repetição em um agente ou entre muitos agentes. Costume: exercício baseado em habito inveterado; diferente da regularidade condicionada pela "situação de interesses" dependente da probabilidade de que os indivíduos orientem por expectativas suas ações puramente racionais referentes a fins.


§5 Toda ação, em especial a social, e particularmente a relação social, podem ser orientadas pelos participantes pela representação de uma ordem legitima. Probabilidade desta ocorrência chamamos de "vigência"


§6 Legitimidade de uma ordem pode estar garantida numa atitude interna (de modo afetivo, racional referente a valores ou religioso) e/ou pelas expectativas de determinadas consequencais externas. Uma ordem pode ser uma convenção (probabildiade de um discordante ser visto com reprovação) e direito (garantia externa pela probabildiade de coação exercido por um quadro de pessoas com função especifica para castigar a violação da ordem e forçar sua observação).


§7 Vigencia legitima pode ser atribuída em ordem pelos agentes em virtude da: tradição, crença afetiva, crença racional referente a valores, estatuto exsitente em cuja legalidade se acredita, acordo ou imposição.


§8 Relacao social se chama luta quando as ações se orientam para impor a vontade própria contra a resistência do outro. Pacíficos são os meios de luta que não envolvem violência física. Luta pacifica pode se tornar concorrência.


§9 Relacao social chama-se "relação comunitária" "quando e na medida em que a atitude na ação social – no caso particular ou em media ou no tipo puro – repousa no sentimento subjetivo dos participantes de pertencer (afetiva ou tradicionalmente) ao mesmo grupo" (WEBER, 2009, p. 25).

Trata-se de "relação associativa" (societária) "atitude na ação social repousa num ajuste ou numa união de interesses racionalmente motivados (com referencia a valores ou fins) (...) pode repousar (...) num acordo racional por declaracao reciproca" (WEBER, 2009, p. 25). Ação correspondente esta racionalmente orientada: a) de maneira racional com relacao a valores, crença no compromisso próprio; b) de maneira racional referente a fins pela expectativa de lealdade da outra parte.

1. Terminologia lembra a distinção de Tonnies entre comunidade e sociedade. Tipos mais puros da forma associativa: troca estritamente racional feita no mercado; união pactuada orientada para fins; união de correligionários motivada por valores (seita racional)

2. Relação comunitária: apoiar-se em fundamentos afetivos, emocionais ou tradicionais. Compreendemos melhor no caso da comunidade familiar. "A grande maioria das relações sociais, porem, tem caráter, em parte, comunitário e, em parte, associativo" (WEBER, 2009, p. 25). A propria perpetuação de uma relação associativa – que ultrapassa a simples ação momentânea - demonstra em menor grau esta tendência. De outro modo, uma relação social comunitária pode ser orientada inteira ou parcialmente de modo racional referido a fins por parte de alguns ou todos participantes

3. Relação comunitária: antítese da luta.

4. A existência de semelhanças e convivência numa mesma localidade não implica numa relação comunitária.: "somente quando, em virtude desse sentimento, as pessoas começam de alguma forma a orientar seu comportamento pelo das outras, nasce entre elas uma relação social – que não e apenas uma relação entre cada individuo e o mundo circundante – e so na medida em que nela se manifesta o sentimento de pertencer ao mesmo grupo existe uma "relação comunitária" " (WEBER, 2009, p. 26).

Sociologia IV – Sociologia alemã

Sociologia IV – Sociologia alemã

Prof Antronio Flavio Pierucci

Aula 1.

Na sociologia alemã da virada do século há a noção de sentido relacionada ao subjetivo. Calligaris: na psicanálise, indivíduos que tentam dar sentido/explicação a tudo podem ser considerados em estado paranóicos.

Simmel e Weber são neokantianos, tendo uma idéia bastante limitada de ciências. Pretensão de não avançar demais na capacidade explicativa. Uma ciências reflexivamente cientifica deve ter modéstia explicativa: há coisas que não tem explicação, que simplesmente acontecem.

Weber pensa que porque uma coisa aconteceu não necessariamente ela ocorrera novamente. Na historia a coisas que não se repetem, mas há também fenômenos recorrerntes, que se repretem as vezes: ambos podem ser cientificamente trabalhados. Os fenômenos puramente históricos (que não ocorrem novamente) não são passiveis de explicação sociológica/antropológica.

Sociologia estuda a sociedade moderna (falamos mais em sociedade moderna que em sociedades modernas, como se houvesse uma tendência a homogeinizacao): divisão entre as sociedades modernas e as tradicionais – historiciza o objeto. Sociologia estuda a sociedade moderna, a transformação das socieadades em modernas, sua semelhança e contraposaicao em relação as tradicionais. Sociologia estuda este processo de modernização, a passagem, transição das sociedades tradicionais para a sociedade moderna.

Processo de modernização aparece em Durkheim (solidarieadde mecânica para organiza), Marx (pré-capitalistas para capitalistas) e Weber (tradicionais para modernas).

Dissolução dos laços tradicionais: sociedades modernas são sociedades pos-tradicionais. Sociologia estuda as formas de desagregação das sociedades pré-burguesas. Uma critica sociológica ao senado brasileiro o considera sob a ótica da manutenção de determinados aspectos tradicionais.

Se por um lado a antropologia estuda a cultura, a economia o econômico, a ciência política a política, a sociologia estuda, por sua vez, a sociedade de maneira global. Todas as vezes que as sociedades se racionalizam elas se modernizam: dois processos de racionalização, o teórico e o pratico.

Distinção clássica na sociologia alemã: Ferdinand Toennies (pré historia da sociologia alemã)

Comunidade (gemeinschaft): anterior; membros do grupos não são mais que membros deste grupo; todo como maior que a soma das partes; grupo transcende cada um dos indivíduos; não necessariamente deve haver igualdade: exemplo de que há subordinação da crienaca com relação aos pais.

Sociedade (usamos associação, societário) (geselshaft): posterior; individuo como anterioridade ao grupo decidem forma-lo; pode-se e há mais possibilidade de criar relações de igualdade.

Weber identifica a possibilidade de se estar em um grupo comunitário em vias de societarizacao. Há também a possibilidade de um grupo societário (pessoas unidas por laços racionais) criarem laços afetivos , processo de comunitarizacao. Weber propõe uma distinção diferente de gemenschaft (comunidade) e geselschaft (sociedade). Nos termos weberianos: vergemeinschaftung (comunitarizacao, comunilazacao) e vergesillschaftung (societarizacao). Idéia de que não exite apenas dois tipos estáticos, mas dinâmicos: comunidades em via de se tornar associação e associacao em via de se tornar comunidade.

O processo de societarizacao constitui uma modernização direta (dissociação das características comunitárias do grupo para assumir traços modernos, na linguagem de Habermas).

Aula 2.

EM 1904 (mesmo ano que escreve Ética Protestante e o Espirio da Capitalismo) escreve A objetividade do conhecimento nas ciências sociais. Maneira como Weber pensa a ciências, tal como Simmel. Lembrar de Magrite, artistas pensadores da estica, alguns inclusive sendo lideranças capazes de ter adeptos. Em Weber e Simmel o campo cientifico, tal como o estético, se conscientiza de que quando a ciências nos mostra a realidade ela o faz de uma forma distanciada da realidade: ciência moderna e arte moderna não copiam a natureza. Magritte: isso não e um cachimbo, mas a representação de um (muito diferente do pensamento artístico renascentista: o artista moderno perde a inocência de reproduzir a realidade).

A ciencia social faz uma apreensão não inventiva da realidade. Uma abordagem do real, uma aproximação. Para os neokantianos, como Weber e Simmel, para que este processo de aproximação da realidade seja bem sucedido ele precisara passar por um processo de afastamento da relalidade (ex: mapa e simplificado, diagramado: sabemos que e real apesar de não ser real). A arte moderna encontra-se cada vez mais crente de sua incapacidade de copera a realidade, não querendo, inclusive, faze-lo.

A ciência moderna também esta consciente de sua impossibilidade de copiar a realidade. Weber tem muita clareza acerca disso, por ser um neokantiano da escola de Baden: autores como Rickert e Lask (existe também a escola neokantiana de marburgo)

Vê a realidade como impura. O conceito cientifico tem a pretensão de ser puro. Cientista olha para a realidade e vê formas que interessam a determinados traços do interesse de conhecimento desta ciência: simplifica e puxa para um campo determinado por você. A ciência moderna faz a realdiade e não faz a realidade: desistência da idéia de que a ciência aprendera o real nos entregando tal qual ele e/existe. Inclusive na historia: distorção, embora acompanhemos o real: algo como ouvir o jogo de futebol no radio.

Processo de categorização subjetiva: so consigo ver as coisas pela razão humana. Fluxo inesgotável de acontecimentos: daí a impossibilidade de descreve-la em sua realidade. Necessidade de recorte inerente ao pensamento neo-kantiano.Simmel aponta para a modéstia da ciências: relação mais intima com os objetos ao nos distanciar deles. Bebem em Laski, que fala de um haitus irrationales entre o sujeito cogniscente e o objeto a ser apreendido: não se chega a realidade diretamente, mas por meio de pontos, conceitos. Processo de aproximação me entrega não o objeto real, mas a sua construção conceitual. Ou seja, há entre o sujeito e o objeto um hiatus irrationales, inntransponivel, fazendo-se necessário o uso de pontos, ou seja, conceitos para a aproximação com o objeto.

Não mais falamos aqui do cientista do século XVIII, seculod as luzes: não mais com esta crença absoluta na ciência, mas sim no cientista que sabe suas limitações. Uma nova modéstia que usa retiscencias, e não pontos finais.

Métodos aqui no sentido de uma teroia do conhecimento. Weber: So se pode fazer por tipos idéias, e não reais. Conceitos bons/contundentes a serem utilizados na abordagem do real. Cohn: o cientista não relaciona as coisas em si, mas estabelece as relações entre os conceitos.

Weber vê a economia como uma luta por recursos escassos. O caráter de um fenômeno "sócio-economico" não e objetivamente dado, mas assim o tonrna o meu interesse por ele. Cohn: Ciência lida com problemas que dão significado aos eventos, tornando-os interessantes para analise. Eles não são sócio-economicos por si mesmo, nos o tornamos sócio-economicos. Ou seja, as áreas da realidade se definem de acordo com o interesse do cientista. Sociologia: tentativa de chegar ao real e incompleta, parcial. Nos a representamos, tal como a arte moderna o faz. Condicionada pela nossa orientação do interesse de conhecimento. Interesse por determinado tipo de recorte da realidade. Esta, a realidade, e imensurável: nossa razão humana e limitada, incapaz de chegar na realidade tal como ela e. Nos a simplificamos tendo/mantendo um lastro nela. Portanto um cientista deve ter imaginação, método, disciplina e modéstia.

Ciência como vocação: Ciência nos mergulha em um caminho sem fim nem retorno. Daí que se entende a tentativa de reviravolta da religião (se baseia em verdades do passado, já a ciência tenta puxar para a frente). Ciência como a arte de fazer descobertas com modéstia. Discurso cientifico e simplificador daquilo que e.

Vejamos a influencia marxista de Weber quando em 1904, já fazendo sociologia, trabalha em cima dos conceitros de fenomecos econômico-sociais (muito diferente da definição durkheiminiana do objeto). Cai na prova: Distinções entre os fenômenos econômico-sociais: a) FENÔMENOS econômico sociais: eventos complexos deles, normas e instituições "cujo significado cultural para nos repousa basicamente no seu aspecto econômico": vida econômica e da bolsa, ou seja, econômico em sentido estrito; b) Fenômenos não econômicos economicamente relevantes (eficazes): mesmo sem ser econômicos, tem efeitos na ordem econômica (ex: certas crenças religiosas); c) Fenômenos não econômicos economicamente condicionados: ou seja, fenômenos com influencia mais ou menos intensa de motivos econômicos. Difere de Marx pois para este pensador há uma determinancia aonde Weber vê apenas condicionantes.

Se pensássemos no linguajar marxista, Weber admite a influencia da super estrutura sobre a infra estrutura econômica (o que seria o monto 2 da distinção weberiana). Ou seja, Multicausalidade, ponto ue distingue abertamente Marx e Weber.

Weber opões a fantasia positivista de abrir a mente para a entrada dos fatos tais como eles são. Reconhece o caráter simplificador da ciência, sua parcialidade: processo de ir chegando perto da realidade, e não sua apresentação imediata do real, indicutivel. Ciência, ao contrario da religião, permite o questionamento e da respostas provisórias a serem constantemente ultrapassadas, muito diferente dos dogmas religiosos.

Algumas das descobertas cientificas, mesmo quando traduzidas para uma linguagem acessível a leigos não desperta o interesse de todos, pode se restringir ao interesse dos cientistas. Estes transformam a realidade em intersubjetividade. Não se trata de afirmar que a ciência tira a validade da religião, tal como não podemos falar no fracasso da ciência quando grande parte da população não aceita os postulados darwinistas.

Processo de racionalização em que cada instancia recebe um impulso de lógica ate o fim, gerando uma heterogenidade e não homgenidade. So imaginando que as pessoas levem seus valores ate o fim que podemos conceber que a sociedade moderna não conflui, não leva para o "mesmo lado".

A ciencia como vocação exige que se milite por ela, pois as pessoas que seguem outras áreas não exitariam em militar por suas respectivas. A modernidade cultural surge como um politeísmo dos valores. Cada valor básico da modernidade chama cada um de nos. O fardo da modernidade e a necessidade de se fazer uma decisão. Os valores se apresentam mais ou menos com a mesma forca, não há um valor dominante. Se pergunta qual o sentido útil de se entregar a determinado valor.

Proposta de se pensar radicalmente, a partir de tipos ideais: ou se e uma coisa ou não se e. Indagar com a proposição como se fosse! Realidade e misturada, mas para compreende-la devemos pensa-la idealmente, como se fosse uma coisa organizada (ou isso ou aquilo). Olha para a realidade como se ela tivesse mais coerência do que tem, sabendo que não e bem assim.

Geertz já com a revolução lingüística(significação da realidade), diferente da sociologia compreensiva de Weber, na qual não havia ainda essa coisa de entender a modernidade a partir dos corpos (idéia pos-foucaultina).

Aula 3.

Como se houvessse uma racionalização na passagem da comunidade para a sociedade moderna, sujeitos agindo de forma mais racional. Conceitos sociológicos fundamentais, texto de 1904, em que abordaremos quatro tipos de ação social.

Trata-se de tipos ideais: lembrar a idéia neokantiana de que os conceitos não copiam a realidade. Não parte de uuma construção indutiva da realidade, mas dedutiva e racional. Weber também os chama de tipos puros: reitrada das pequenas variações para ter uma definição, uma pureza lógica, para ser claro. A realidade e msiturada, o conceito e puro. São idéias, não foram tirados pela razão da realidade, mas sim a priori, não da experiência, mas da lógica. Há coisas que se pode apreender antes de ir a campo. O resultado da pesquisa se da pela aproximação da realidade por meio dos tipos. Weber não precisou ver Lula para construir o tipo carismático, mesmo pois há toda uma mesclagem de características no governo Lula que o afastariam do tipo puro.

No universo kantiano, a faculdade humana exitem dois tipos de razão: a) Raxzao teórica: conhecimento/; e b) Razão pratica: acao. Para Weber a racionalidade surge como uma característica, uma racionalidade teórica: conhecimento racional. Razão: estabelece relações racionalmente (teóricas) – o agir pratico como exercício da racionalidade.

Weber vê a associação entre um de racionalização teórica (capacidade de se exercer controle teórico sobre a realidade: trata-se de uma potencia de dominação) que esta por traz de um processo de estímulos que gera a razão pratica. Seu interesse e tratar da razão pratica, e não da teórica, que cabe a filosofia. A razão pratica se opõe a teórica.

Desdobra a razão pratica em dois tipos de ação (social) racional: o referente a fins e o referente a valores:

  1. Ação racional referente a fins: Orienta suas ações entre fines, meios e conseqüências secundarias (ou seja, relaciona meios e fins em relacoes as conseqüências secundarias, assim como os fins diferentes entre si) (p.16). Relação com a acao racional instrumental (segundo a escola frankfurtiana: racionalização baseada na colonização de nossa vida, baseada na racionalidade instrumental). Quando você atingiu determinado fim quer dizer que você usou os meios corretos a determinado fim: agir de uma técnica racional: ser humano agindo racionalmente a partir de um nível de racionalidade técnica. Sociologia compreensiva: base na idéia de que os indivíduos não so são racionais como agem racionalmente. Há uma forte relação com o sucesso da ação e os fins empregados. O fim não pode ser vago, nebuloso. Deve ser claro: cabe ao agente utilizar os meios adequados para atingir este fim. Uma parte destas ações se tradicionaliza, e a repetição constante cria um habito alienado. A racionalidade refernte a fins pode ser com relação a racionalidade dos fins, o que torna mais fácil a escolha dos meios para atingir este determinado fim (trata-se de uma racionalidade eletiva); que se difere da racionalidade dos meios, racionalidade técnica em que e mais fácil ser julgada, se baseia na eficácia, no sucesso.

  2. Ação racional com relação a valores. Reino da racionalidade extremamente complexo. São da ordem da racionalidade ética (entre os valores há o dever) e não pratica. Agimos não interessados em atingir determinado fim, mas sim na ação. Crença consciente no valor, independente do resultado (p.15).Nao esta interessada em alcancar algo como objetivo, (racionalização da vida não so no sentido da racionalidade instrumental, mas também a partir de convicções). Valores que te dizem: você deve agir de tal forma. Valores que te mobilizam de maneira imperativa: se tu deves, podes. Agir com valor independente de sucesso: não passível de um julgamento do ponto de vista do sucesso, do ponto de vista de quem esperava uma racionalidade referentes a fins parece irracional. Como observador, temos que fazer uma grande ginástica interpretativa, que não ocorre no primeiro caso. Nos sentimos como deveres, mandamentos. Não interessa nem o resultado, muito menos as conseqüências secundarias. O que importa e a ação e não seu resultado, tem valor em si mesmo (p.15).

Estes dois tipos de ação, duas ações racionais, se distinguem das outras daus: afetiva e tradicional (nestas, já ouve o momento da racionalidade, mas se desgastou, são inorporadas, saem da consciência e vao para o corpo a partir da rotinizacao.

Quando falamos em racionalidade técnica ela admite o progresso (possibilidade de melhorar nossa técnica), quando falamos em racionalidade ética não se supõe seu avanço. Há grande parte de nossas vidas em que há a abertura de nova técnica. Muitas vezes nos enganamos em acreditar que impomos certos dispositivos a outras culturas que o desconhecem. Ora, no nivel da racionalidade técnica em que não há valores, parece fazer mais sentido que há uma aceitação das culturas não-ocidentais das técnicas ocidentais. Níveis em que isso ocorre e pode beneficiar as pessoas de culturas mais tradicionais: facilitar o manejo com o problema do contemporâneo.

Racionalidade técnica em avanço: inovações tecnológicas na industria. Por sua vez, não existe esta relação na arte, por exemplo: o critério estético, o comportamento ético são exemplo de coisas não passiveis de progresso. A idéia de progresso esta inseparada da de tecnologia – talvez o único campo em que possamos pensar que esta melhor: avancoes científicos, ou seja, melhor na maneira de lidar com problemas cotidianos (isso não quer dizer que nossa vida esteja melhor).

Longe de Weber estar clonando Kant: este ultimo não fez sociologia, já o primeiro se interessa pela passagem da sociedade tradicional para a moderna. Processo de racionalização das ações tradicionais. Mesmo as ações tradicionais hoje estão abertas a um processo de racionalização de um objetivo, ou a um valor (a própria tradição, por exemplo). Processo de racionalização em relacao a fins: tecnologizacao (racionalidade técnica); ou de valorização: processo de se criar valores (racionalidade axiológica), avanço da racionalidade do valor.

Racionalizar um costume significa tirar dele o que lhe faz ser um costume (do inconsciente para o consciente). O grande conceito da sociologia de weber não e a racionalidade, mas o processo de racionalização. Por um processo histórico foram se formando vários processos de racionalização de um grande processo de racionalização, que se da no palco do ocidente: uma maneira peculiar de olhar o mundo: uma idéia de racionalização civilizacional. Pode ser chamado de racionalismo de dominação do mundo, desencadeando uma lógica que se autonomiza. Entrada dos conceitos como dinâmicos, e não estáticos como apresentados conceitualmente.

Processo de modernização: avanço da racionalidade instrumental (já fortemente presente no campo econômico), alem da racionalização instrumental da política: formação de uma burocracia voltada para a resolucao de prolemas. Ou seja, se exerce na política e na economia. Daí uma carência do que em Kant na racionalidade do dever, para o desenvolvimento ético do homem. Frankfur: ganho em racionalidade técnica, perco em liberdade, da possibilidade de desenvolvimento ético dos homens, enquanto esse perde liberdade, frente as burocracias, por exemplo. Ideal de felicidade toma o lugar do valor da liberdade (em Kant o valor supremo e a felicidade).

Os conceitos com que trabalha a sociologia de Weber são os tipos idéias: uma descrição referida a realidade mas que não pretende copia-la: são tipos lógicos, puros, a priori, independentes da experiência. Sistematização coerente desses conceitos, mostrando que entre conceito e realidade não há identificação, mas um distanciamento.

Aula 4.

Simmel influencia no interacionismo simbólico norteamericano: vida formada por interações, relações entre seres humanos: somos humanos por estabelecer relações sociais. Hoje trabalharemos com o conceito de "relação social". Para Weber a unidade ultima e a "ação social", que independe da relação social (diferindo-se de Simmel por dar um passo mais atrás).

Considera a acao social o atomo ultimo, indivisível da sociologia. Pode se tornar uma relação social. Sociologia da ação: somos humanos pois agimos socialmente. Como individuo sou social, trancado no meu quarto já estou agindo socialmente. Não e ação social o abrir de guarda-chuvas como reação a dado natural.

Ação social tem sentido com relação a um comportamento dos outros. Mas o que e o sentido? Agimos em função de um entendimento: não agimos so no plano das coisas, mas no plano das pessoas. Sociologia compreensiva: poderíamos dizer que nos agimos para nos compreender uns aos outros, não aumentar o conhecimento, mas o entendimento. Desenvolvimento de uma racionalidade pratica compartilhada por nos. Agimos pensando no comporamento que os outros vem em nos (portanto impossível ser um mentiroso 100% do tempo).

Quando não há entendimento pela ação, estabelecemos um dialogo perguntando o que significa isso? O professor chega todo encapotado em um dia quente e não entendemos o sentido, a intenção disso: age-se assim pretendendo o que?

Sentido, significado, significar: sense, meaning, to mean: a) significar, querer dizer; b) entender, ter em mente, intentar, tencionar.

A ação humana tem a ver com a intencionalidade: portanto o sentido subjetivo que dou quando pratico determinado ato: ele não esta objetivmanete dado. Nossas ações expressam muito de nossa subjetividade e sentido. Direção: a ação deve ser de acordo com minha intenção, expressando em um certo conteúdo direcional. A racionalidade da ação racional com relação a fins e mais imediata. Agimos como se falássemos.

Atentemos que razão = logos = palavra -------- verbum. Do logos temos logicom, racional: Aristóteles: "homem como animal racional". Sentido remete a logica: frente a explicacao de porque o professor veio encapotado em um dia quente, dizemos: faz sentido, make sense.

Agimos racionalemnte, agimos de maneira lógica. Weber, neokantiano que era, dizia que o mundo do sentido e o mundo humano; enquanto o mundo natural e o mundo da causalidade necessária, da explicação e não do sentido. Heinrich Rickert: neokantiano mais influente em Weber.

Trombar dos ciclistas não e uma relação social, não resulta de duas ações sociais: não há sentido, mas explicação por leis naturais. Formação da idéia de desencantamento do mundo como perda de sentido. Ciência nos convence que terminado comportamento não tem sentido, explicando-o cientificamente (de alcance naturalista, tirando o sentido da conduta humana, fazendo explicações por leis gerais).

Ciencais humanas: pessoas agem com sentido, visando determinado sentido e dando sentido! Quanto mais o homem solta sua imaginação mais sentido pode ele dar. Agente humano: portador de sentido subjetivo: para Weber não há sentidos objetivos. Cuidado para não se exagerar na busca de sentido para tudo, pois nos afastamos da visão cientifica de mundo, que explica muitas coisas e a outras atribui o acaso, podendo conduzir a um estado de paranóia. Como bom neokantiano: no nível de acontecimento de natureza há espaço para a explicação, mas também para o acaso.

A sociologia weberiana nos ajuda a isolar o setor humano de sentido, pois há agentes que agem com sentido. Paranóia pensar que as coisas da natureza também tem um sentido, um agente por trás. Pensemos no embate darwinismo (espaço para o acaso) X religião (crer num sentido por trás das cosias). Hoje, num momento de avanço acelerado das ciencais naturais que vão limpando o mundo de crendices: desencantamento do mundo pela ciência natural moderna. O avanço da ciência se difere do avanço da disseminação do conhecimento cientifico: pessoas tem direito de não acreditarem no discurso cientifico. Por isso fazer ciência e uma luta, alem de uma comunicao entre cientistas, mundo da elite.

Para entender a ação social vejamos a relação social e seus dois tipos. Relação: espera-se um certo comportamento. Relação social: recíproca, mas não precisa ser de ações de mesma natureza, podendo ser de pólos desiguais: relação mãe-filho. Coisas complementares são partes da mesma ação (ex: compra e venda). Repreticao da relação sociail se da pelos atos frequentemente repetidos com determinado sentido. Portanto regularidade das ações. Nossa comunicação e racional, impossível constgruir tudo em cima de mentiras.

Ação social: agir em referencia ao sentido, com relação ao comportamento do outro. Relação social: agir em referencia ao sentido dado pela relação.

Relação tende a regularização e previsibilidade quanto ao comportamento das pessoas. Primeiro e recíproca, depois se repete. Exatamente por sermos racionais e livres somos previsíveis, agindo como tais, racionais e livres. Ex: possibilidade de investigação no romance policial por o criminoso também agir racionalmente (imputamos a ação a determinado individuo por uma regularidade tradicional ou raciona). Visão muito otimista, que da validade/possibilidade a ciencia. Tipo ideal e preto e branco, nada de cinzento.

Distinção entre relação comunitária e societária (associativa): lembrar da distinção gemeinschaft e gesellschaft. Existem 4 tipos de ação social: a) racional referente a (meios e) fins; b) racional referente a valores; c) afetiva; d) tradicional.

Ora, para "a" e "b" temos a relação associativa; para "c" e "d" temos a relação comunitária, em que o sentimento de pertença se funda no afeto ou na tradição.

Vemos aqui a possibilidade de um conceito esclarecer o outro. Processo de modernização que racionaliza a ação sae-se do âmbito das esferas das relações comunitárias para o reino da relação associativa (que equivale a passagem do tradicional ao moderno). Processo de racionalização.

Na realidade a maior parte das relações sociais tem as duas características. Pode-se viver uma relação de tipo associativo com o convívio se desenvolver um outro sentimento (uma classse de aula vira turma, ocorrendo eventos e criando um sentimento de pertencer ao grupo).



Verbete do Dictionary of Sociology – Oxford – Gordon Marshall

Verbete do Dictionary of Sociology – Oxford – Gordon Marshall

Max Weber (1864-1920) Weber, juntamente com Émile Durkheim, é geralmente considerado como fundador da sociologia moderna como uma ciência social distinta. Dos dois, seu trabalho é o mais complexo e ambicioso, e continua provendo uma rica fonte de interpretação e inspiração. Sua vida, também, possui certa fascinação. Um transforno mental em 1897 foi seguido de quatro anos de inatividade intelectual. Sua mulher, Marianne, foi uma feminista antecipada, e o casal era o centro do amis impressivo circo intelectual da Alemanhã no começo do século XX, concentrando simnários regulares aos domingos em sua casa em Heidelberg. A contribuição de Max Weber para a sociologia foi imensa. Ele ofereceu uma base filosófica para as ciências sociais; uma concepção geral de sistema para a sociologia; e uma gama de esudos cobrindo todas as grandes religiões do mundo, antigas sociedades, historia economia, a sociologia do direito e da musica, e muitas outras áreas.

Enquanto a tentativa de Durkheim fudnar uma ciência da sociologia estava baseada no positivismo cientifico de seu tempo, o treinamento intelectual de Weber foi na escola de filosofia neokantiana, associada a nomes como Wilhelm Windelband e Heinrich Rickert, dominante na Alemanha naquela época. Esta filosofia envovle uma distinção radical entre fenomeno (o mundo externo que percebemos) e noumena (a percepção da consciência). Na sociologia de weber, esta tornou-se a distinção entre ciências naturais e sociais, a ultima preocupada com as formas pelas quais percebemos o mundo. Desse modo, enquanto nos podemos desejar estabelecer leis universais NAS CIENCIAS NATURAIS, ESTA não e a tarefa da ciência social – uma vez que seu interesse está na explicação causal e entendimento das ações sociais em seus particulares contextos históricos. Ao mesmo tempo, a sociedade humana não foi uma questão de sorte mas de ‘probabilidades’, e o que tornou a ciência social possível foi o fato de que seres humanos agem racionalmente por pelo menos grande parte do tempo.

O objeto próprio da ciência social, então, é a ação social: ação direcionada em relação ao significado de outros e para qual nos fixamos um sentido subjetivo. A sociologia tenta uma explicação interpretativa de tal ação utilizando uma metodologia de tipo ideal. Weber desenvolveu uma quadriqua classificação da ação sócia: ação tradicional empreendida porque sempre fora assim; ação afetiva baseada na ou motivada pela emoção; ação racional-valorativa com relação a valores; e ação racional com relação a fins ou ação instrumental. Somente às duas utlimas destas cabe o escopo de ação racional – embora Weber também argumente forentemente que poode não haver nenhuma escolha racional tanto nos fins como nos valores supremos. Entretanto, uma vez adotados, eles podem certanmente ser perseguidos por meios mais ou menos racionais. Weber viu o desenvolvimento das modernas sociedades como o crescimento da racionalização na qual o mundo perde seu mistério. O aumento em larga escala da burocracia modernaé uma importante parte do processo e uma das criticas de Weber ao socialismo era que ele iria simplesmente acelerar esse desencantamento da vida.

Em um nível filosófico, outra importante contribuição de Weber foi a teoria do valor-liberdade, uma complexa formulação comumente interepretada de maneira errônea como uma singela crença na objetividade. Para Weber, a escolha da ciência e da sociologia era uma escolha de valores, que não poderia ser justificada em termos de racionalidade instrumental. Isso era verdade também na seleção de um particular objeto de estudo. Entretanto, uma vez estas escolhas terem sido feitas, um estudo sociológico poderia ser livre de valores no sentido que sua coerência racional estava sujeia a criticas da comunidade cientifica. O que pode ser entendido por racional, entretanto, era ela mesmo aberta a mudanças históricas. Neste sentido, trabalhos científicos sociais estão permeados por valores, não so no sentido de valores do sociólogo tomado individualmente mas também os valores da comunidade de cientistas sociais e da cultura predominante como um todo.

É comum justapor Weber a Marx, e vê-lo como desenvolvendo uma sociologia alternativa, de uma so vez mais cientifica e burguesa. De fato, Os mentores intelecutais de Weber são numerosos e diveersos. Por exemplo, na formulação da tese sobre a ética protestante (comumente lida como uma alternativa a aexplicacao marxista sobre a ascensão do capitalismo), Weber estava explicitamente construindo (upon eariliar) teorias sobre capitalismo e sobre o dinheiro propostas por Wener Sombart e Georg Simmel. Weber sim propõem, de qualuqer maneira, uam importante alternativa as concepções marxistas de classe e política. Para Weber, classe é definida não pela sua relação com os meios de produção, mas pelo compartilhamento de uma mesma posição de mercado, resultante de possibilidades de vida comuns. Isso permitiu sociólogos falarem sobre por exemplo, housing classes (owners occupiers, tenantes of private rentas, and so forth) tal como as classes definidas pela possessão de habilidades e outras qualidades mercantilizáveis. Alem de introduzir o conceito de grupo de status como um importante elemento de estratificação: que é, grupos diferenciados de acordo com critérios honoríficos positivos ou negativos, e comportilhando um estilo comum de vida (tal como grupos éticos ou castas). Ele também argumentou que conflitos organizados em torno do poder foram um importante aspecto da vida social, e não necessariamente relacionado com o conflito econômico entre classes.

Existem consideráveis discordâncias quanto a visão política de Weber, que é ambivalente e complexa, tal como muitas de suas analises sociológicas. Fora ele, como alguns dizem, percussor do fascismo; ou, como parece muito mais plausível, um liberal sofisticado? O problema é que, como muito de seu trabalho, seus escritos políticos não se encaixam em simples categorias preferenciais nas quais os teóricos sociais tentam encaixa-las.

Suas publicações são tão volumosas quanto diversas, mas seus mais importantes trabalhos (todos disponíveis em tradução em inglês) são provavelmente Economia e Sociedade (1922, 1930), A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (1905, traduzido em 1930), História Econômica Geral (1923), A Religião da China (1916, traduzido em 1951), A religião da Índia (1916-17, translated 1958), Judaismo Antigo (1917-19, traduzido em 1952), e os escritos metodológicos coletados e tradozidos como A metodologia das ciências sociais (1949). A fascinante biografia de Mariana Weber sobre seu marido (Max Weber: uma biografia, 1975) é um clássico da sociologia – embora muitas vezes econômico com a verdade quanto a vida privada e pública de Weber. A melhor curta introdução para os principais elementos da sociologia de Weber é o trabalho de Fran Oarkin (geralmente muito critico) Max Weber (1982).

trabalho Weber



Antecipando críticas: A refutação da dupla tese disparatadamente doutrinaria

















Prof Dr. Antonio Flávio Pierucci

Aluno: Fábio Ozias Zuker - 6470722



























"Convém, de qualquer modo, advertir desde logo, contra a tendência, encontradiça na bibliografia, de apresentar Weber como uma espécie de paladino anti-marxista, preocupado com a formulação de uma contrapartida idealista ao materialismo histórico"

(Gabriel Cohn)



Acreditamos que ao escolher este tema, o da dupla refutação que Weber faz da dupla tese disparatada, estamos lidando com uma questão metodológica central para a compreensão do tipo de sociologia que o autor se propõe a fazer em A ética protestante e o "Espírito" do Capitalismo. Dotados desta crença que tentaremos, então, mostrar como se constrói o argumento de Weber contrário a estas duas acusações que lhe poderiam ser feitas1, atentando para a importância desta decisão metodológica para este seu estudo – extrapolando, sempre que possível, para a sua obra como um todo. Tentaremos, cientes da modéstia intelectual que nos cabe, concluir atentando para comparação entre este recorte metodológico da Ética com um determinado tipo de análise cara ao marxismo.

Unilateralidade do estudo: uma questão metodológica

Para tanto, comecemos não por A ética protestante e o "Espírito" do Capitalismo, mas sim por seu (quiçá o mais) importante texto metodológico. Trata-se de A objetividade do Conhecimento nas Ciências Sociais. Nele, Weber afirma a inexistência de um caráter "objetivamente" inerente a qualquer objeto de estudo (neste caso Weber nos fala dos fenômenos socioeconômicos). O que está de acordo com a sua própria teoria da ciência, marcada por seu interesse por problemas que dão significados a eventos, e os tornam relevante para análise. Pergunta Cohn, retoricamente, comentando o texto de Weber: "O que os torna interessantes, se não o são intrinsecamente ("objetivamente")" (COHN, comentário a WEBER, 2006, p. 43).

Ora, o caráter segundo o qual os fenômenos econômicos sociais podem ser estudados varia de acordo com nosso "interesse de conhecimento", com o significado cultural que atribuímos ao evento em cada caso particular. Afirmando a ineficácia de se tentar uma abordagem "isenta", Weber conclui que "o que nos interessa é a tarefa de analisar a significação cultural do fato histórico" (WEBER, 2006, p. 43).

Distingue, deste modo, os fenômenos econômicos sociais conforme o nosso interesse sobre eles. Há, primeiramente, os "fenômenos econômicos” (stricto senso), geralmente relacionados a instituições criadas de maneira consciente para fins econômicos. Em segundo lugar os "fenômenos não-econômicos economicamente relevantes", que são aqueles que não nos interessam por seu significado propriamente econômico, mas sim por seus efeitos sobre a esfera econômica. Por fim existem os "fenômenos não-econômicos economicamente condicionados", que mostram em determinado aspecto a influência oriunda de “fenômenos econômicos”.

Weber se interessa na Ética por tratar de fenômenos "não-econômicos economicamente relevantes": está relacionando dois fenômenos que estariam, em uma linguagem marxista, na superestrutura, e a influência desta relação para o desenvolvimento material do capitalismo. Tal influência se dá na luta cultural entre dois ethos distintos. O do “espírito capitalista” do qual fala Franklin tentando se sobrepor a um determinado tradicionalismo econômico. “O que [Weber] quis mostrar é que a atitude econômica pode ser orientada pelo sistema de crenças” (ARON, 2008, p. 789).

E aqui reside a unilateralidade deste seu estudo: sua tese de que "ajusta-se ao espírito de um certo protestantismo a adoção de uma certa atitude em relação a atividade econômica, que é ela própria adequada ao espírito do capitalismo" (ídem, p. 782) é reconhecidamente unilateral. "Seria preciso trazer à luz o modo como a ascese protestante foi por sua vez influenciada, em seu vir-a-ser e em sua peculiaridade, pelo conjunto de condições sociais e culturais, também e especialmente as econômicas" (WEBER, 2004, p. 167).

Ou seja, Weber reconhece possibilidade de outros estudos que apreciem a relação entre "fenômenos não-econômicos economicamente condicionados" com "fenômenos econômicos". Há uma serie de possíveis estudos a serem feitos, de acordo com o "interesse de conhecimento" do pesquisador sobre determinado problema: "não cabe, contudo, evidentemente, a intenção de substituir uma interpretação causal unilateralmente “materialista” da cultura e da historia por uma outra espiritualista, também ela unilateral. Ambas são igualmente possíveis" (idem, p. 16. grifo do autor). O autor alerta inclusive para a sua intenção de, em outras obras, fazer um estudo cuja abordagem se distancia da feita no trabalho em questão. Parece inclusive ser possível considerar a sociologia da religião de Weber como um todo trabalhando com dimensões distintas das feitas na Ética (STERN)2.

Refutação da dupla tese disparatada

Tendo em mente o esclarecimento de que o trabalho de Weber na Ética protestante e o "espírito" do capitalismo é reconhecidamente um trabalho unilateral, decorrente de um determinado recorte de acordo com o "interesse de conhecimento”, mas não o único que se possa fazer, torna-se mais fácil compreender a tentativa geral do autor de que "se pode às vezes compreender a conduta econômica de um grupo social a partir da sua visão do mundo" (ARON, 2008, p. 89).

Acreditamos agora poder melhor abordar a dupla refutação de Weber sobre as possíveis interpretações disparatadas de sua obra, sendo uma própria conseqüência lógica de tudo que foi dito acima. A primeira destas interpretações, a qual Weber deliberadamente se distancia, é a de que o “espírito do capitalismo”, este ethos próprio deste sistema econômico, tenha se desenvolvido apenas “como resultado de determinados influxos da reforma” (WEBER, 2004, p. 82). A segunda, talvez ainda mais absurda, trata-se de reconhecer que o capitalismo, não apenas seu ethos característico, mas que sua existência como sistema econômico, seja fruto da Reforma.

Esperamos que já esteja suficientemente claro que a tentativa de Weber na Ética aqui não é nada próxima disso. Nada poderia soar mais absurdo para um autor que tenta mostrar a influência de determinadas crenças religiosas no comportamento dos indivíduos quanto à sua atividade econômica. Acreditando na multicausalidade, em uma visão de historia em que determinados fenômenos talvez só ocorram uma vez e sobre influencias bem determinadas, uma das importantes características do período marcado pela ascensão do capitalismo seria esta ética religiosa específica e suas conseqüências para com um determinado ethos capitalista.

Trata-se apenas de averiguar se, e até que ponto, influxos religiosos contribuíram [e não determinaram] para a cunhagem qualitativa e a expansão quantitativa desse “espírito” mundo afora, e quais são os aspectos concretos da cultura assentada em bases capitalistas que remontam àqueles influxos” (idem, p. 83). Além do mais, tais teses disparatadamente doutrinarias são anacrônicas, uma vez que pré-existia à Reforma “formas importantes de negócio capitalista” (idem, p. 82).

Conclusão

É impossível não reconhecer que Weber faz sim uma critica de uma posição cara ao pensamento de Marx, ou pelo menos a uma interpretação do pensamento marxista, a do determinismo da econômica (infra-estrutura) sobre a superestrutura (no qual estariam, entre outros fenômenos sociais, os valores, inclusive os valores religiosos). Mas "nada mais falso do que imaginar que Max Weber sustentou tese exatamente oposta a de Marx, explicando a economia pela religião, em lugar de explicar a religião pela economia" (ARON, 2008, p. 788).

Parece-nos que Weber, por sua própria concepção de historia, concedendo ao surgimento do capitalismo europeu o caráter de fenômeno único3, "rejeitava inteiramente a construção de esquemas deterministas baseados sobre qualquer espécie de teoria geral do desenvolvimento histórico" (GIDDENS, p. 84). Há uma repulsa de Weber a uma teoria cientificizadora da historia baseada em uma determinação materialista.

Deste modo, "indubitavelmente ele escreveu o ensaio, de alguma forma, como uma polemica consciente contra a concepção 'unilateral' de religião tal como retratada pelo materialismo histórico" (GIDDENS, p. 82). Sugerimos então como hipótese, para a nossa conclusão, amparados por farta literatura, de que a Ética seja um trabalho considerado– obviamente- valido pelo autor, mas tão valido quanto aquela concepção que visa explicar os “fenômenos não-econômicos economicamente condicionados” por “fenômenos econômicos” (em linguagem marxista, explicar a superestrutura pela infraestrutura).

O que Weber não aceita é que esta última – interpretação marxista em voga na sua época por nomes como Kautsky (GIDDENS) – seja a única possível.Trata-se, assim, de pensar o trabalho de Weber não como um anti-Marx, mas como uma complexificação da análise marxiana.

Partilhamos da idéia de que Weber critica a unilateralidade marxista para apresentar a possibilidade de que também os elementos da esfera da superestrutura podem influenciar o desenvolvimento material (do capitalismo). Aceita a explicação marxista em partes, como uma das válidas, mas não uma cientificizacao da historia através deste tipo unilateral de análise - uma vez que defende toda uma multicausalidade, uma constelação de fatores que condicionam (agora em linguagem weberiana) e influenciam outros fenômenos. Daí a impossibilidade de se atribuir a uma determinação o curso da historia, que para Weber está marcado pelo multiplicidade de forças, causas e efeitos. É possível a unilateralidade de determinado estudo, jamais de uma teoria totalizante.

Neste sentido, compactuamos com Birnbaum: "Weber modificou consideravelmente a posição teórica de Marx refutando a noção de que "as idéias são simplesmente reflexos da posição social e não exercem efeitos independentes sobre o desenvolvimento histórico"" (BIRNBAUM apud GIDDENS, 1998, p. 96). Um tema interessantíssimo ao qual este pequeno trabalho servirá de porta de entrada para maiores incursões.

Referências

ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

COHN, Gabriel. Critica e resignação: Max Weber e a teoria social. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

GIDDENS, Anthony. Marx, Weber e o desenvolvimento do capitalismo. In: Política, Sociologia e Teoria Social. São Paulo: Editora UNESP, 1998.

WEBER, Max. A objetividade do conhecimento nas ciências sociais. Coleção Ensaios Comentados. São Paulo: Atica, 2006.

_______. "Introdução". In: A Ética Protestante e o "Espírito" do Capitalismo. Trad. A. F. Bastos e L. Leitão. Ed. Presença, 1981

____________. A Ética Protestante e o "Espírito" do Capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

1 Vale ressaltar que a defesa de Weber e feita a priori: ele antecipa possíveis criticas que pudessem ser feitas a este ponto especifico de sua obra.

2 Stern chega a afirmar que se tomarmos a obra da sociologia da religião de Weber como um todo, chega-se "a uma conclusão exatamente inversa daquela que formula na Etica protestante. Toda sua obra esta permeada por uma convicção: a organização de uma sociedade e as correntes de pensamento que a animam são, em ultima analise, o produto da relação de forcas entre as camadas que a compõem. Eis o que nos aproxima considerávelmente da concepção de Marx!” (STERN apud COHN, 2003, p. 118).


3 "Que encadeamento particular de circunstancia levou a que no ocidente, e só aqui, tenham aparecido fenômenos culturais que – como pelo menos gostamos de pensar – se situaram numa direção evolutiva de significado e valor universais?" (WEBER, 1981, p. 11, grifo nosso)

WEBER, Max. A "objetividade" do conhecimento nas ciências sociais. São Paulo: Atica, 2006.

WEBER, Max. A "objetividade" do conhecimento nas ciências sociais. São Paulo: Atica, 2006.

2

Inicia com a relação da idéia de escassez para caraterizar os fenômenos "socioeconômicos", demandando previsão planejada, trabalho, luta com a natureza e associação com homens. "o carater de fenômeno "socioeconômico" não e algo que lhe seja "objetivamente" inerente" (WEBER, 2006, p. 31). Ora, a ciencia não trata de coisas, mas de problemas, que dão significado aos eventos, tornando-os interessantes para a analise. Esta, portanto, condicionado por nosso interesse de conhecimento (expressão kantiana/neokantiana), definindo-se de acordo com o significado cultural que atribuímos ao evento em cada caso particular.


Distinções entre os fenômenos econômico sociais.


  1. Fenômenos econômicos: "Eventos e complexos deles, normas, instituições etc. cujo significado cultural para nos repousa basicamente no seu aspecto econômico" (WEBER, 2006, p. 31). Geralmente acontece quando tratamos de isntituicoes criadas/utilizadas de maneira consciente para fins econômicos. Ex: bolsa de valores, vida bancaria.

  2. Fenômenos não-economicos economicamente relevantes: Eventos que não nos interessam, pelo menos de primeira, do ângulo de seu significado econômico, mas que dependendo das circunstancias podem ter significado econômico, uma vez que seus efeitos nos interessam sob uma perspectiva econômica. Exemplo: acontecimentos da vida religiosa.

  3. Fenômenos não-economicos economicamente condicionados: Fenômenos não-economicos cujos efeitos econômicas não nos interessam , ou pouco nos interessam. Fenômenos que mostrem em determinado aspecto seu uma influencia de motivos econômicos. Ex: gosto pela arte.


Portanto, podemos ver o "Estado" sob um ângulo de fenômeno econômico, no que se refere as finanças publicas; economicamente relevante por suas intervenções via legislação na vida econômica; e economicamente condicionado uma vez que sua conduta e seu caráter são determinados por motivos econômicos. Mas as manifestações econômicas são fluidas, não tem este s determinados rótulos por si mesmas, mas somos nos que, iluminados por determinado interesse, que lhe atribuímos este caráter. "um fenomeno so conserva a qualidade de "economico" na estrita medida em que nosso interesse volta-se exclusivamente a seu significado para a luta material pela existência" (WEBER, 2006, p. 33).

Caderno de Expressões artísticas e Experiência Social: diferentes aproximações

Caderno de Expressões artísticas e Experiência Social: diferentes aproximações

Aula 1. Apresentação do curso

Aula 2. Introdução a De Certeau: A invenção do cotidiano - Introdução e Capítulo 3

Na primeira parte da aula trataremos da localização teórica e especificidades do autor. Na segunda parte falaremos sobre a diferença conceitual entre táticas e estratégias.

A construção do texto: fala da paisagem de uma pesqusia, que mimetiza o bojeto que quer estudar. Trata-se de um estilo maquinado, articulado, que dialoga com o próprio conteúdo.

Há um intenso diálogo com Foucault: a questão da disciplina e suas transgressões das e nas práticas cotidianas. Subversão às regras: lhe interessa mais uma anti-disciplina (talvez aqui queira marcar a sua diferença com relação a Foucault, embora possa ser visto como complementar a ele).

O objeto do texto são as práticas anônimas e cotidianas na cidade, práticas banais, comezinhas, ordinárias; que aparentemente não teriam grande contribuição para teoria social. O consumo cultural (dos repertórios de símbolos é imediatamente produção. São práticas que vão se construindo no cotidiano. De CErteau fala tamém das leituras, da possibildiade de tratá-las como práticas (leitura tanto de textos como de imagens). Neste sentido, consumo e produção são faces da mesma moeda

Práticas cotidianas são artes de fazer, dotadas de práticas e estilos., Da mesma maneira que o crítico literário vê um estilo na obra, o antropólogo pçode ver formas nas práticas, a arte de fazer no cotidiano. O consumo cultural é ele mesmo uma produção. Não lhe interessa a cultura erudita, nem a popular: ele recusa essa oposição. Talvez algo como cultura de massas, mas de anônimos não homogêneos: heterogêneos, que produzem significado ativamente.

O trabalho de De Certeau é do final dos anos 60, início dos 70. Artes de fazer cotidianos são formas de prática que implica uma discursividade. Discurso então é um ato, uma tomada de posição. Pensar a homologia prática e discurso a partir da idéia de que a prática já é um discurso. O discurso científico também é uma prática.

De Certeau retira idéias da lingüística, que não aquela de Lévi-Strauss, mas sim da idéia do poder performativo de Austin. Neste sentido, os dois pares, consumo-produção, retórica-prática são inseparáveis.

Ele possui um lugar inclassíficaevl. Sua vida se relaciona muito com o tempo político da época, anos 60. Jesuita que qera, historiador católico, começa trabalhando arquivos de filologia mística católica. Também estava muito próximo da psicanálise, até mais de Freu que Lacan. Começa uma produção mais antropológica a partir do contato com antropólogos latinoamericanos. Dialogo intenso com Foccault e Bourdieu.

A idéia de trabalhar o cotidiano já estava em Lefévre e Goffman, mas também em Simmel. Entretanto, o grande percursor aqui é Freud, em 1901. Materiais ordinários, como lapsos de nomes próprios, e coisas banais lhe interessa como reveladoreas de sintomas sobre a vida psíquica. Esses lapsos servem para acessar o inconsciente.

Se Goffman, Lukman e Berger, e Garfinkel falam sobre a vida social como representação, cujo palco é a vida cotidiana (lembremso que Goffman faz uma microsociologia do cotidiano, a vida social como representação, e a possibilidade Ed representar múltiplos papeis cotidianamente). Goffman: Existe uma influencia da fenomenologia de Schutz, da construção da realidade intersubjetivia, e ao positivista. Do pontod e vista do ator, menos do que do indivíduo isolado, e mais no face a face. Assim, a maneira como De Certeau vê a realidade (conversa) como um prato chei para pesquisa dialoga com uma tradição teórica que lhe era contemporânea. Embora o foco de nosso autor em questão seja distinto.

Lefévre: autor marxista que vai contra aquela idéia do cotidiano visto por uma certa tradição marxista como um lugar da reprodução. Cotidiano é o lugar da criação anônima, e talvez seja ai o lugar em que a vida mude, embora negligenciado pelo marxismo “Duro”. De CErteau faz uma criação do cotidiano, mas não a faz sozinho.

É impossível não lembrar de Bourdieu de Teoria da prática e Foucault da Microfísica do Poder. De onde e para onde esses autores olham?

Bourdieu: habitus que gera as práticas. Se interessa pela gênesa das práticas, que se dá no interior dos campos. Trata-se de um campo de força no qual os agentes óssuem diferentes poderes decorente de seus diversos capitais. Tende a haver uma compatibilidade entre habitus e campo: uma orquestração sem maestro (o que não quer dizer que não há ruídos). Bourdieu está tentando construir um tereceiro caminho entre a objetividade de durkheim e a fenomenologia. Assim, não abre mão das estruturas nem das ações dos agentes. Considera que o que movimenta ações é o poder simbólico, está no coração da vida social. Agentes no interior do campo disputam a legitimidade de uma certa verdade sobre esse campo.

Foucault: De CErteau dialoga fortemente com Microfísica doPoder e Vigiar e punir; poder que se espalha pelo corpo social, a dominação,a doutrina a disciplina. De Certeau se interesse menos pela disicplina e seus produtos e mais nas brechas e formas, aquela anti-disciplina.

De certa forma DE CErteau está discutindo a reacionalidade moderna, mas sobretudo o que escapa das racionalidades políticas, científicas. Eleé um otimista ao ver uma era em ebulição, vendo lugares de transformação onde muitos não viam.

Qual o rendimento de se pensar o mundo social pelo cotidiano? E através de práticas cotidianas? E o impacto disso sobre a forma como escrevemos. Há um convite para o descentramento do olhar. Qual o impacto da análise das práticas cotidianas sobre o nosso olhar. Há aqui um importante elemento de auto-reflexão. Obs: faz uma defesa da teoria das práticas no pluaral, heterogênea, em função das diferenteças.

2a parte da aula

Estratégia: “cálculo”, manipulação das relações de força. Racionalidade técnica, política,científica, militar. Tem a ver também com plano e previsão. Traz consigo um sujeito de querer e poder: uma cidade, um exército, uma instituição científica. Não se trata de um indivíduo, mas de algo que pode ser circunscrito. Talvez mais próximoda quilo que Foucault e Bourdieu chamam de práticas.

Levi-Strauss está em um lugar contrário ao de De Certeau: embora ambos tenham forte relação com a linguaguistica. Se Lévi Strauss está interessado na língua e na sociedade (na apreensão de regras), DE Certeau está preocupado com a fala e o indivíduo (ou seja, com as práticas, os enunciados variados, os modos como os sujeitos se apoderam das regras disponíveis).

Aula 3. De Certeau: A invenção do cotidiano

DE Certeau: interesse no consumo daqueles que seriam os submissos: eles, na realidade, subvertem a ordem. O autor a procura de um vocabulário sobre como olhar para as táticas, como descrevê-las. Consumo como algo alargado, de bens e ideais, algo criador.

Existe aqui uma forte homologia entre práticas e discurso: modos de fazer. Falta de uma reflexão sobre as táticas e no plano das táticas: tanto o objeto da investigação como um patamar pelo qual observar o mundo.

Tática possui um lugar no campo da estratégia, apesar da distinção que faz entre elas. (o próprio texto experimenta um novo vocabulário para falar de seu objeto). O rendimento maior da distinção é pensar os termos como opostos complementares – lembremos que seu interesse é se aproximar das práticas cotidianas.

Interesse pelo modo de dizer, de olhar as táticas: faz com que ele se volte menos para as microdisciplina e mais para os procedimentos que não se conformam, a anti-disciplina. Propõe desse modo um olhar para a sociedade de massas tentando pensar as possibilidades nessa sociedade de controle. Sua teoria complementa a de Foucault: não se trata de um anti-Foucault. Ao pivilegiar as táticas, não significa que esteja colocando tudo no plano dos indivíduos: p. 37: “o exame dessas práticas não implica um regresso aos indivíduos”.

Se baseia em uma lingüística preocupada com a analise de discurso, os atos de fala. De lá retira seus enunciados para pensar as práticas. Assim enfoca os enunciados, e não as estruturas. Não as regras da língua, mas o ato de valar como uma criação da lindua

=//=

Capítulo VII – Caminhadas pela cidade

Pensar um olhar da cidade não por um arranhaceu. Essa localização, este olhar, permite ver, apreender uma totalidade relativamente homogênea, de algum modo silenciosa, algo meio irreal. Existe, porém, um prazer especial na totalização, o de poder ver em conjunto. Trata-se de uma perspectiva por vezes utilizada nas ciências sociais.

Mas existex dois modos diferentes de ver. Uma perspectiva das táticas do voyeur, que é essa do topo do edifício, e uma perspectiva das táticas no chão, na experiência.De Certeau se foca mais nesta segunda, pois a totalizande impede de ver as práticas, a experiência: no chão apela para os demais sentidos. Prpõe uma teoria das práticas e das táticas ao pé do chão.

A perspectiva a distancia, do tôo do edifício,é aquela na qual o olho panóptipo fornece um sentido de tudo ver e saber. Trata-se de uma fixão do saber, na qual se perde a opacidade das táticas, da experiência, da vida urbana. Práticas essas inconscientemente construídas pelos praticantes/atores. Esses textos são construídos sem que o saibamos e sem poder lê-los, pois a ele estamos colados.

De Certeau opõe a cegueira dos que estão colados (cegueiras sábias) à claridade dos que estão do alto. Única perspectiva para apreender as táticas (se é que são apreensíveis) traz consigo uma cegueira sábia: está construindo, por tateios, meio cegamente, um conhecimento geral, clarificados. Um de seus desafios é a apreensão do efêmero, daquilo que não se fixa.

Pegar 2ª parte da aula com alguém

Aula 4. De Certeau e Joanne Oavering: A invenção do cotidiano e Elogio do cotidiano

Se práticas e retóricas são indissociáveis, De Certeau parte, neste momento, das narrativas – estamos nos referindo ao capítulo Relatos do espaço. No capítulo anterior partia das caminhadas. A qui, ao falar dos relatos, dá alguns parâmetros para análise, algumas sugestões. Aproxima os relatos do espaço a partir das recorrências. Se coloca a pergunta/desafio de fazer tipologias com casos tão variáveis: qual a forma dos relatos?

Caminhadas como narrativas: fragmentadas, com substituição de sentidos e o modelo dos sonhos. Aqui está olhando mais direto ao relato. Possibilidades para se pensar o relato: como eles descrevem? O que descrevem?

Utiliza a imagem da metáfora, no sentido grego: um transporte, uma transferência (no vocabulário psicanalítico) substituição das palavras. Vai tentar explorar as potencialidades da metáfora: relatos, então, seriam sempre referentes a recursos de espaços, relatos de viagem. Todo relato desenha um percurso no espaço (e práticas sobre o espaço, o percorrido e o imaginado).

Propõe que pensemos todos os relatos como relatos de espaço, relatos como transportes coletivos: metáforas. Toda narrativa desloca sentidos e percorre espaços. P. 200: “todo relato é um relato de viagem – uma prática de espaço” Práticas cotidianas: “essas aventuras narradas, que ao mesmo tempo produzem geografias de ações e derivam para os lugares comuns de uma ordem, não constituem um “suplemento” aos enunciados pedestres e `pás retóricas caminhatórias (...) de fato, organizam as caminhadas” (p. 200).

Pensar modalidades de narrativas: daí sairiam estilos de relatos? Distinções como oposições complementares. Válido também para a distinção entre espaços e lugares.

Lugares: define um ordenamento, configuração de posições mais ou menos estáveis: há certa estabilidade. Espaço: lugar praticado, se define pelo movimento: pelo tempo, pela experiência. (lembremos de Merleau Ponty: há tantos espaços quanto variedades de experiências).

Com essa distinção, De CErteau quer ver elas operam nos relatos. Os espaços são operações atribuídas ao sujeito. Os relatos sobre o espaço permitem pensar lugares intermediários: apreensão eminentemente visual do espaço, com práticas/usos sobre o espaço; ainda que os relatos exacerbem práticas. Há uma ênfase na visão: apreensão da cidade por esse sentido, e uma experiência passa por este sentido.

Lembremos de Boas, quando fala da experiência etnográfica desloca os sentidos, a visão. Olhar impli Ca uma apreensão: olho historicamente formado.

De Certeau: deslocamento de sentidos proposto pela etnografia. Descentra a visão? Interesse do autor pelo espaço, pela percepção do espaço, em relação com a memória e o sonhado/imaginado. Outra distinção para pensar o espaço é entre percursos e mapas.

Mapas povoados de representações dos percursos, de personagens. Aos poucos foram retirando-se os percursos, a cartografia foi limpando as representações, deixando “apenas” a representação em escalas: o percurso desaparece, e o mapa fica “só”. Passou para linguagens distintas, se livando do percurso.

Para o autor, falar de experiência é falar do corpo. Lembremos de Tim Ingold quando fala da impossibilidade de separar os sentidos, a visão dos outros sentidos. Há também ênfase nos períodos e momentos: alguns sentidos levam mais a representações mentais, visão e audição detonam representações mentais.

Fronteira: separa mas também associa. Ponte: que é a imagem da comunicação, também cria fronteiras. Há uma ênfase na lógica das ambigüidades. Lembremosd e Caldeira, quando fala do discurso daviolência como lógica das ambigüidades. Relatos transgridem. Tentar fazer falar as ambigüidades em nossas análises.

De Certeau: nos ajuda a olahr para dimensões diferentes da vida social, nos ajuda a olhar de maneira distinta. A forma, o estilo desses relatos de espaço estabelecem limitas, mas também atravessam e transfridem.

Relato não como definidor de lugares, mas pensando a experiência. Todo o tempo ambivalente. Demarcações para o ultrapassar de limites. Formas do relato: é delinqüente: deslocamento incessante, a margem dos códigos que ela desloca. Mobilidade não conformista, não respeitosa.

Forma dos relatos de espaço é uma forma delinqüente. Que mudanças efetivas produz a narratividade delinquente? Voltemos à experiência: Não sabemos o que produz, mas em matéria de espaço introduz a experiência. Está ancorado numa visão/idéia de experiência como algo que toca o corpo.

De Certeau: lança temas bem interessantes para se pensar algumas formas. Termina falando da forma delinqüente do relato como forma indisciplinadas.

Joanna Overing

O que o texto dessa autora faz com essa discussão? Que elementos ela traz para pensar?

Esclarecedor: ajuda a compreender por que é tão difícil entender De CErteau. Parte das dificuldades vem pois nosso Ocidente considera os focos de interesse do autor como coisas triviais. Ele traz o cotidiano para o centro, embora, muitas vezes, visto como lugar do consumo, da trivialidade, da invisibilidade. Coloca isso no centro da análise.

Overing: Cotidiano está a maergem no nosso sismtea, mas pode ser central em outros. Fundamental nos Piaroa. Quando fomos atrás dos outros, era para buscar o que considerávamos fundamental, exótico, deixando de lado o cotiaino, mesmo que lá fosse o central.

Os Piaroa são uma sociedade não guerreiraque, presa a paz, contra o Estado (lembremos de CLastres) valorizam o pensamento reflexivo = são vistos pelos povos vizinhos como intelectuais. Se trta de uma sociedade que não distingue teoria e prática: modos de fazer seriam também, para eles modos de pensar.

É uma sociedade que preferência a dimensão performativa: cultura e práticas gerativas? Habilidades e práticas cotidianas (de um lado) e fatos prioritários/fundamentais, por outro. Prioridade conferida as práticas e ao pensamento reflexivo. Como trabalhar essa indissociabildiade entre teoria e prática? E entre corpo e alma?

Vida de pensamentos domestica (ou seja, embeleza), ligado a idéia de civilização de humano, de sentidos, as funções vitais. A fúrias dos deuses criadores são contidas na prática cotidiana: em um diálogo com a nossa teoria, seria algo próximoa o que Freud fala do Id sendo dominado pela civilização: cultura contra os instintos.

Os Piaroa vão além de Freud, além de domesticar os instintos, uma vez que a contrução social dos Piaroa se dá no cotidiano, se auto-contendo cotidianamente (melembra muito Elias). Prática revela o pensamento daquele que pratica. “Resultados” permanente disso é a construção cotidiana da comunidade de similares, que tem uma certa idéia de indivíduo, inseparável da idéia de repartir: idéia do eu criador nãoé antagônica a de um eu coletivo.

Ideia de individuo que não tem a ver com nosso individualismo. Intelectuação: habilidade rotineira na qual o ser humano é fabricado pelos Piaroa. Atos de produzir conhecimento dá vida. Velhos são os mais saudáveis: vida de pensamento ativo e corpo são. Velho viveram mais, conhecem mais.Não há distinção entre corpo e alma.

Ver Ingold, Tim. Pare, olhe e escute – nAU. Essays on livelihood vinispira@gmail.com

Aula 5. Lévi-Strauss: Olhar, escutar e ler

O lugar de LS e De Certeau no curso. Interessa de De Certeau tratar o discurso como prática e a prática como discurso. Todas as subdivisões do curso estão pensadas a partir de diferentes operações, diferentes práticas: o olhar, a memória, o ouvir, o narrar, o descrever (todos como práticas).

A partir de agora passearemos por uma bibliografia variada, não necessariamente antropológica, mas transpassada por temas da antropologia.

LS: Artes como prática, artes do fazer. Tem uma concepção mais alargada de arte. (embora durante o curso também lidaremos com o conceito mais estreito e ocidental de arte).

Arte como fuma forma de conhecimento – modo de pensamento: implica numa reflexão e num modo específico de conhecimento do mundo. Pensar estas práticas (olhar, escutar e ler). De Certeau: ideia alargada de prática e de arte de fazer. LS: arte como modo de conhecimento, operação de sentidos.

Mais para frente, lidaremos com temas específicos. Ex: Braxandall e o ver como algo circunscrito a seu tempo. De Certeau e LS entram como dando algumas balizas para a discussão que teremos daqui pra frente. Ideia de experiencia em De Certeau, também. As ideias levantas por estes autores transpassarão o curso.

Prova – semana que vem: Exercícios escritos sobre os temas discutidos em aula, sobre LS e De Certeau – desenvolvimento de textos escritos, interpretação de textos. Usar 2 páginas para cada questão. Proibido fazer citações textuais dos autores.

Preâmbulo:

Olhar, escutar e ler. Livro de 1993. Certa diferença no tom desse livro do de outros de LS: talvez seja o livro mais ensaístico de LS, formas mais abertas – de saída tem uma dimensão bem subjetiva, falando de seu próprio gosto pessoal, permitindo-se, porém, certas digressões pessoais. Forma escrita distinta das dos demais trabalhos do LS. Professora lembra do momento em que Said, em O Estilo Tardio, considera que o autor já maduro acredita na possibilidade de ousar mais, utilizar novos estilos. Escrito um pouco depois de seu último livro sobre as mitologias norte americanas, História de Lince. Após uma vida de reflexão sobre os “primitivos”, lança esse livro sobre arte Ocidental, embora os primitivos apareçam no capítulo final. Reaparecem. Qual o sentido disso, em um livro dedicado a arte ocidental? Qual o rendimento disso para a sua discussão sobre arte?

Título: não separado por vírgulas. Isso já demonstra a não separação que vai percorrer o livro todo. Livro ancorado numa ideia de correspondência entre as artes e sentido. Correspondências entre arte Ocidental, mas o Oriente está aqui: passeia mais ou menos livre por contextos espalhados por épocas e localidades distintas.

Em entrevista, quando do publicação desse livro, estabelece certos paralelos entre este livro e as Mitológicas: Em entrevista, LS afirma “que se deixou levar, guiado pelas leituras das obras que foram se encadiando umas as outras – fez uma colagem, no genero do que Max Ernst fez: uma bricolagem”. “Nas mitológias LS fez isso a partir de um mundo relativamente circunscrito, uma lógica interna dos mitos que o conduzia com relativa segurança. LS não saberia aonde chegaria. Mosaico de campos que LS superficialmente conhecia. Ideia da colagem como procedimento presente em dos livros. Ideia da colagem, oriunda da arte e de Ernst, é a maneira estruturalista de ver, sua técnica de análise. Poder-se-ia ver esse livro como um pequeno livro de estruturalismo aplicado”. Guiado pela mesma técnica estruturalista que o guiou na analise das mitologias, mas agora voltado para as artes.

Capítulo sobre Poussian e sobre a arte nos primitivos: nos interessa menos em si, e mais no modo como LS vê. Esse livro nos leva diretamente ao lugar das artes na obra de LS. Embora as artes não apareçam como objeto de analise privilegiado de LS, ela tem certa relevância, centralidade no trabalho de LS.

Olhar sobre a arte foi apreendido pela família. Seu pai era um fotógrafo e retratista: ele mesmo fala que era dado a bricolagem – desde pequeno LS acompanhava seu pai nas artes da bricolagem. Seus tios também eram pintores, e seu bisavô um violoncelista relativamente conhecido. LS toma da musica inspirações para as análises. A formação dos sentidos de LS se dá mesmo antes de se tornar etnólogo. A artes se torna objeto de pesquisa legítimo dos etnólogos. LS se torna colecionador de objetos de arte. Adquire o gosto pelo colecionismo em contato com os surrealistas, quando exilado em Nova Iorque durante a IIGM.

Arte como tomada de posse da natureza pela cultura. Qual o lugar do objeto no olhar de LS sobre as artes? Seu gosto pelo colecionismo? Mal estar de LS com a arte contemporanea, com o conceitualismo, minimalismo, com a música contemporânea. LS não esconde, ao eleger seus interesses, seus desinteresses.

Artigo da Sylvia Caiubi Novaes: Revista de Antropologia, 49. Texto sobre considerações acerca de LS e sua fotografia: um apuro estético enorme, que se afasta da fotografia etnográfica.

Importância da estética em LS: menos que objetos de interesses, as obras funcionam como ferramentas do pensar. Nas mitológicas, é a música que lhe fornece régua e compasso para as analises de LS.

Adentrando o texto: Olhando Poussin

Olhando o Poussin: já tem referencias ao seu tema nas Mitológicas e em outros textos. O que o olho de LS apreende? Qual o foco, o movimento, sua atenção? Como ele olha Poussin? O que lhe chama atenção? Reconhecemos um olhar estruturalista. Mas o que isso quer dizer? Ora, embora LS não seja um crítico de arte, ele domina os assuntos. Foco maior de LS sobre a analise mais da obra do que da experiência social: olhar atento ao método de composição da obra, do arranjo.

Não há praticamente nenhuma informação sobre a experiência social de Poussin: praticamente nada sobre sua biografia. Ideia de transformação não tem nada a ver com experiencia social: trata-se de um exercício de análise estrutural, tal como foi aplicado aos mitos, dessa vez voltado para a arte. Esrtutura da obra: captar os instantes, as interpretações: composição artística como composição intelectual. Ideia de como ele seleciona organiza e compoe a obra.

Por que para olhar Poussin LS vai a Proust? Não está olhando, numa atitude antisociológica, das pessoas que conviviam com Poussin. No Proust, trecho famoso sobre La Recherche (em busca do tempo perdido), fala longamente do processo de composição de uma sonata. Encontramos nessa sonata um procedimento fundamental em Proust: a bricolagem. Para a composição da sonata, Proust faz toda uma bricolagem, recorrendo a referencias multiplas, passiveis de serem reconhecidas na leitura das obras. Essa bricolagem reaparece na maneira como Proust lida com o tempo ao longo da obra: não existe fidelidade na cronologia, as referencias borram a cronologia: não existe uma veracidade na construção da temporalidade. Nada a ver com a cronologia que nos forma.

Dupla articulação: articulação tem a ver com subdivisões, linguagens significativas menores com sentido (morfemas) que são divididas em fonemas (divisões menores que não detém sentido). Fala de partes menores que depois se rearranjam em uma obra maior. Tem a ver com seu método, com o modo de olhar. Técnica de Proust como resultado dessa dupla articulação: compõe e organiza em função de suas opções, através de referencias diversas. Proust afirma que seu trabalho se assemelha ao de uma costureira, relação das partes do conjuntod as obras.

Obra composta por pequenas unidades já dotadas de sentido, com um certo acabamento, que se combinam numa unidade outra, e que nesse plano maior, alto, elas adquirem outro plano de continuidade. Obra como arranjo entre partes elas mesmas dotadas de significação, que se combinam num plano maior. Da unidade das partes que se compõem a obra. (ideia de dupla articulação já estava presente no Cru e o cozido). Dupla articulação tem a ver com os dois planos de composição da obra. Na pintura tem a ver com a forma sensível: num segundo momento, tem a ver com a técnica, com um procedimento específico. Esse tipo de procedimento reaparece em outras obras de LS.

Quadro de Seurat: Domingo ao meio dia na Ilha Grande. Figuras parecem isoladas, cada uma congelada nas suas atitudes, e que dá um certo mistério em uma cena absolutamente normal, cotidiana. Ao mesmo tempo os grupos podem ser visto como outras pequenas unidades isoladas. Competem, portanto, para um arranjo maior, apoiada nessa dupla articulação.

Isso aparece também na arte japonesa: a gravura japonesa (Katsushika) podemos ver método semelhante de composição, pela justaposição de detalhes. Olhando para Poussin ele vê o mesmo método de composição. Ou seja, para falar de Poussin, LS fala de Proust, Seurat e da gravura japonesa: nada a ver com afinidades culturais ou geográficas ou com a experiência social. Nos remete ao próprio método de composição de LS, através da bricolagem e a seu olhar sobre a arte. As mitológicas: podem ser lidas como uma obra de arte ou como uma obra científica.

Ls está pensando em composição, em combinatória. Agenciamento de partes no interior de uma composição. Estrutura é uma operação, não uma totalidade (no sentido de Radcliff-Brown e Durkheim). Arte tem a ver com as opções do autor, com as suas escolhas. Os elementos não tem sentido por si sós, mas apenas nas relações uns com os outros. Não há termos, apenas relações. Atenção as oposições binárias. Localiza no Poussin uma técnica de construção que lhe é cara. Poder analisar pedaços que podem ser agenciados em algo maior. Modo de compor tem a ver com o modo de pensar. Obra tem mais a ver com o pensamento, com o modo de pensar, com a estrutura de pensamento, e não com a estrutura social de uma determinada época.

Estruturalismo não é um formalismo: é fundamental os conteúdos. Mas não faz isso aqui.Quando fala de Proust, da gravura japonesa, mostra que outros já fizeram isso que Poussin está fazendo, esse modo de pensar análogo ao modo de estruturação do pensamento, e do próprio fazer antropológico.

A análise de LS é feita contra Panofski. LS: não se trata de ruptura das versões, mas transformações no sentido estrutural, e não histórico, não de motivos. Poussin toma a cabeça do morte, que é diminuida na primeira versão de Poussin, e some na última. Surge na primeira versão de Poussin uma pastora, que está vestida de deusa antiga, em contraponto aos pastores. A cabeça do morto dá lugar a mulher, na segunda. Na última, a pastora que estava meio ao lado torna-se central.

Menos que uma análise histórica, lhe interessa uma analise sintática, que faz uma versão conversar com a outra, da mesma maneira que faz com os mitos. A abordagem mitológica de LS quer colocar essas obras em relação, para construir um processo, e não uma análise historicizante como a de Panofski. Lhe interessa as passagens de um quadro para o outro. Tema é o homem diante da morte, mas o que LS quer entender é como essas versões conversam umas com as outras.

A análise de LS, como qualquer análise, tem rendimentos e recortes. Não lida com a França naquele momento, mas sim com modos de pensamento. A sua análise traz grandes ganhos para a arte como composição, e não como prova da realidade.

Outra análise que LS faz é sobre outra obra de Poussin, Eliezer et Rebecca. O quadro possui diferentes niveis de organização: percepção estruturada em planos diversos. Densidade e beleza deriva do método de composição. O que ele nos ensina a ver? O que seu olho faz com esse quadro? Olhar do LS percorre o quadro da direita pra esquerda. Ele chama atenção para algumas oposições que regem esse quadro maior: movimento do grupo da esquerda está em movimento,contraposto ao grupo da direita, mais estática. Há outras oposições relacionadas a instabilidade/estabilidade: vaso na cabeça da mulher – equilíbrio estável. Fala da composição do quadro organizada ao redor de uma triangulação em torno dos quadros. Relação arquitetura e natureza. A chave de leitura do quadro se dá através da mulher de saia verde: símbolo de passagem entre a forma humana, e a estabilidade, em contraponto a mulher em movimento da esquerda.

O quadro fala do casamento do filho de Abrão. Ao fazer a tradução de um tema bíblioc, Poussin faz uma série de escolhas. Par central é o acerto do casamento que deve se realizar. Casamento como resultado da contradição entre a raça e a terra. Raça humana representada pelas terras. A maneira como Poussin resolve plasticamente o problema passa pela maneira como as partes dialogam umas com as outras no interior do quadro: mulher em destaque, mulheres móveis e imóveis, casal central. Ceu agito = instável X edifícios estáveis e sólidos (símbolo da terra habitada, estável). Volta assim ao problema da dupla articulação: partes que estabelecem relações de oposição com outras: mobilidade X imobilidade; raça X terra.

LS faz pouco caso ao fato de Poussin ter deixado de lado os camelos, e fala da verossimilhança do quadro naquela época (século XVII) com a história bíblica: eles eram muito mais próximos da antiguidade, do que a distância que noós vemos hoje. Arte como figuração: função mimética da arte. Poussin não reproduz “fielmente” o episódio bíblico, mas de alguma formo ele o figura. Está agora discutindo a arte como representação, discutindo a questão da arte como imitação da natureza: ela não reproduz a natureza, mas quer figurar.

Ele termina o texto com duas observações surpreendentes: os tais camelos que não aparecem. Problema da arte como imitação da natureza é um problema polêmico, que está presente até hoje, mesmo quando a arte não quer imitar a natureza, mesmo quando não quer figurar, mesmo na arte contemporânea e moderna. “A pintura nunca se desvencilhou de suas funções figurativas”. Mesmo na fotografia, e nas pinturas feitas depois, a partir das representações fotográficas. LS vai provocativamente reabilitar o procedimento ilusionista para ai falar da essencia da pintura: uma arte de imitação, que imita não as impressões fugidias (que seria o erro dos impressionismos) nem o superficial da natureza (que seriam os fotógrafos): a pintura representa qualidade escondidas de cada objeto.

Arte tem a ver com método de conhecimento, e não com captar impressões. Objetos constituem problemas a serem resolvidos em níveis diferenteciado, antes da síntese final. Da mesma maneira que na música: diferentes acordes e sua sucessão ao longo do tempo tentam resolver um problema de continuação. A relação da arte com a imitação não é a de falar que a arte é mímeses: não se trata de representação literal, mas sim signos. Elabora uma estrutura de significação, uma representação que mantenha uma relação com a estrutura do objeto. Não é um retrato fiel, não se trata do cópia. Representação é signo do objeto, e não a representação dele mesmo. Com isso, LS compra uma briga com a arte moderna. Não fala das continuidades da arte contemporânea ao longo do século XX, mas sim da arte moderna no início do século XX, das vanguardas. Uma provocação amparada numa perspectiva de arte que vai até determinada época. E talvez até aí ele tenha razão: a figuração permanece na arte do início do século XX.

Lhe interessa a arte como uma prática, como uma operação intelectual. Forma de olhar para o intelecto, tal como faz com os mitos: desvendar a lógica dos mitos e das representações pláticas. Um procedimento entre os artistas e que diz respeito ao seu próprio método.

Arte reconstroi, supoe um saber sobre as cosias do mundo. A partir do profundo conhecimento que o artista tem do objeto que ele consegue fazer uma síntese outra. Daí compreender como a obra de arte mantem a representação da natureza e ao mesmo tempo uma capacidade de reconstrução.

Título do capítulo é Olhando Poussin, embora ele termine falando do olhar de Poussin. Só a apartir da representação meditada que o pintor pode pintar. Pensando sobre como o olho do pintor pensa, vê e representa o mundo. Arte como algo mental: cultura se apoderando da natureza. Não fala da arte como forma e conteúdo, mas sim como sensível e inteligível

Último capítulo: olhares sobre os objetos

Começou o livro falando de arte erudita, Poussin e música clássica, brigando com a arte contemporânea e música popular; mas termina o livro falando da arte primitiva. Por que isso? LS retoma os trabalhos de Boas sobre arte primitiva. Não fala tanto de arte no cotidiano, mas sim da arte decorativa, e com funções práticas. A arte desses povos nos ajuda a pensar a função representativa e estilizante (tanto que as vezes só temos formas). LS está falando de objetos.

Esse capítulo é uma reflexão sobre o objeto (inclusive o artístico, que não deixa de ser um objeto). Esses objetos primitivos podem nos ajudar a pensar sobre a arte em geral? Arte dos povos sem escrita remete não apenas a natureza e a convenção, mas também ao sobrenatural. Objetos artísticos tem uma projeção sobrenatural. Pensar o objetos e os artistas como sobrenaturais. Para aproximar. Nos faz pensar a estética do objeto, como algo concreto.

Música erudita e a arte primitiva tem uma relação não com o concreto, mas com o intelectual e o sobrenatural. Com o sublime: assim, primitivo. Não por acaso nos primitivos existe uma forte relação entre a música e o sobrenatural. Por isso a música foge a figuração, e remete mais ao sobrenatural (sentido literal do termo: não se refere a natureza, mas a algo acima dela). Pensa o tempo todo as correspondências e aproximações. E no Ocidente, não existe uma certa de sacralização da arte, nos fala LS. Basta que pensamos no vocabulário para falar do artista: essa dimensão sobrenatural aparece em “nós” de uma outra forma. Aqui também existe alguma conexão entre as artes e a dimensão sobre-humana. A própria não utilização cotidiana de objetos de arte é um sinal da sacralização da arte no Ocidente: destituímos a arte de suas funções práticas.

É esta dimensão entre a arte como sobrenatural que organiza o capítulo. Quando fala do ritmo, sentido temporal na musica e objeto espacial na pintura e objetos primitivos. Mostra como os ritmos na “decoração” também falam da repetição e de um certo arranjo entre partes e extensão: fundamental para a expressão simbólica.

Volta a ideia da arte como intelecção: a presença de um ritmo na musica ou na decoração leva a que nos perguntemos por que o artista escolheu aquele ritmo, e não outro. Aí também temos que nos perguntar sobre as escolhas deliberadas do artista: por que este arranjo e não outro diferente?

Questão dos objetos: talvez eles não estejam tão separados dos próprios humanos. Arte dos primitivos nos levam a desconfiar de um sentido meramente funcional e decorativo dos objetos. A arte, a confecção dos objetos, é coisa dos deuses.

Pensar a estética a partir do objeto – objetos plenos de sentidos, relacionados a uma sobrenatureza. Objetos possuem muitas dimensões. Vai para os primitivos para mostrar que essa produção artística mostra dimensões que nós mesmos conhecemos.

Os homens não existem e nem se diferenciam a não ser pelas suas obras. E os primitivos nos mostram a arte como o fazer de objetos: a produção humana artística é a produção de objetos. Este é o ponto do capítulo, que objetos são esses? Qual a nossa relação com os objetos?

Conclusão

Primeiro capítulo fala de metodos de composição. O último dos objetos e dos artistas. Há uma complementariedade, entre capítulos que enfocam coisas distintas. Nesse último capítulo LS chama atenção para os produtos, no primeiro capítulo, de certo modo próximo a De Certeau, lhe interessa os modos de fazer.

As formas escolhidas por LS para transmitir o conhecimento são escolhas! Seu próprio estilo, sua própria forma se estrutura em torno da dupla articulação.

Aula 6. Baxandall

Aula sobre Baxandall

Retomada geral de Lévi-Strauss

LS olha para o pintor do ponto de vista de seus procedimentos, dos arranjos da composição,a tento ao modo de construção da obra, a sua estrutura. Falar da pintura, da arte em geral, é falar de um modo de pensar, um modo de reflexão.

Vai por comparações chegando a outras obras, a Proust, a gravura japonesa, a arte impressionista: analogia entre as artes. Trabalha segundo as correspondências das artes e dos artistas conforme esses procedimentos que ele considera análogos.

Análises dos dois momentos de Poussin. Uma análise que lembra as suas análises dos mitos. Interesse em pensar como Poussin traduz plásticamente um tema bíblico – na segunda análise que LS faz de Poussin.

Falar em arte é falar em intelecção: procedimentos intelectuais, e não sentimentos ou emoções. Atento aos arranjos aos elementos no interior da composição, à lógica que estrutura essa composição específica.

Último capítulo fala mais dos objetos.

Baxandall

Como ele também está olhando para a pintura, mas de uma outra perspectiva. O olhar dele, diferente do de LS, olhando para a pintura, a partir de inspirações e desafios diferentes. (tentar recuperar esta comparação ao final da discussão).

Baxandall historiador da arte e da cultura – história social da arte. Se no olhar renascente Baxandall faz um estudo de caso, em outros livros analisa matériais de época e de procedência variada.

O olhar de uma época se tornou uma noção consagrada para o pensamento antropológico e sociológico da arte e da cultura. Baxandall está defendendo desde o começo uma reflexão sobre a pintura e sobre o estilo como matéria e objeto da história social. É essa a motivação das suas pesquisas: faculdades e habitos usuais são forjados historicamente.

Fala muito sobre pintura, tendo como especialidade a renascença italiana. Debruça-se sobre um momento bem recortado e definido do renascimento. Pensa problemas bem próximos aos que o antropólogo se coloca, que remete ao problema da tradução. O historiador frente a outra experiência social tem o desafio de traduzir essa experiência ao do leitor de hoje: “na verdade o que eu faço, o problema que eu tenho diante de mim como historiador é o da diferença cultural, pensada a partir da existência de diferenças essenciais nas predisposições cognitivas entre o século XV e o nosso: Pietro de La francesca e seus clientes percebiam o quadro e seus temas de maneira distinta a nossa,sua cultura lhe proporcionava uma experiência visual cognitiva distinta” (não ao pé da letra: Baxandall).

A cultura propicia, e não impõe certos tipos de capacidades cognitivas: possibilita. Levanta o problema da tradução. Bourdieu o chama de etnólogo histórico. Baxandall quer tentar recuperar o que aquele homem, renascente, vê. Tentativa incessante de nos aproximar deste modo de ver, nos aproximar de olhar ao quadro como um homem do século XV olharia, sabendo que isso está voltado ao fracasso. Tem um acesso limitado a experiência: mediado, pois tem que se haver com a documentação específica que existe.

Coloca um problema de como descrever uma experiência: quais os desafios dados por esta tarefa. (problema colocado por Michel De Certeau), mas de maneira distinta. Como verbalizar uma imagem? Como traduzir em palavras uma representação pictórica? Chama atenção para os abismos, as distâncias existentes entre as imagens e as palavras.

Ponto centra para conduzir a nossa discussão sobre esse capítulo, algo central no renascimento italiano (de Florença) do século XV e da pintura religiosa, especificamente. Embora a pintura não seja acessível a todos, a pintura é central nessa sociedade, ela é amplamente valorizada. Nesse período e nesse lugar preciso a visão é considerada o mais importante dos sentidos. Considerada o sentido mais preciso que D'us nos deu: se é quase divino, deve ser utilizado com finalidade religiosa.

Essas imagens devem tocar o observador, desenvolver os sentimentos, fazerem essas mensagens bíblicas memoráveis, lembráveis. Visão, mais que os outros sentidos, permite a fixação da memória: capacidade de reter mais do que a audição. Embora nem todos comprassem, as obras circulavam, faziam parte das igrejas e palácios, no qual as pessoas entravam. As pessoas tinham acesso, maiores ou menores.

Artista tem um papel fundamental nessa sociedade na qual a visão é o sentido principal. Artista e arte não tem a autonomia que eles vão adquirir no século XVI, com as academias de arte, no qual o artista se tornaria um intelectual. Ms no século XV ele não se separa muito bem de um artesão, como virá a se separar depois. Pintor ocupa um lugar centrla na vida social, embora não tenha um estatuto destacado dos técnicos, dos artesãos, como virá a ter depois.

Falar dos modos de perceber é falar da vida cotidiana.

Embora nem todos pintem ou comprem arte, é possível falar num olho, num olhar do quatroccento . Embora existam estilos cognitivos individuais, é possível falar num olhar da época. Há duas inspirações centrais nessa análise que ele faz: uma é Warburg, um autor fundamental para a antropologia da arte, cujo legado maior é que não se pode falar de arte fora da cultura, ela é parte da cultura. Para Warburg, um filósofo que fez pesquisa de campo entre indígenas: fala também da cultura visual de uma época. Tem a ver também com essa ideia do olhar de uma época com uma tradição da historiografia francesa de Lucien Frebvre: diferentes épocas e períodos forncem-nos equipamentos mentais específicos. Um período “proppicia, fornece” um equipamento mental, cognitivo, visual, específico. Trabalha isso num livro sobre o Rabelais e o problema da incredulidade no século XVI – ateísmo não cabe naquela época, pois não cabe no seu equipamento mental.

Ideia de que essa cultura do século XV propicia um certo tipo de percepção tem a ver com as ferramentas mentais que estão em nossa disposição.

No capítulo 1 Baxandall faz uma análise do mercado: o mercado era decisivo para os pintores. Obras realizadas sobre encomenda – maneira distinta de hoje. O mercado de arte é incontornável nesse momento: analisa os contratos, as encomendas, as formas de pagamento. De que maneira os contratos são tão detalhados que dizem exatamente o que o pintor deve fazer. Há contratos com grande nível de detalhadamento, e essas obras atendendo a essas demandas. Isso não quer dizer que os pintores não tenham escolhas. Há uma série de variedades e vezes nos quais a encomenda não sai conforme o gosto do encomendante. Encomendante define muitas vezes.

Essa pintura religiosa implica numa relação social, entre o encomendante e o pintor com certeza. Impossível pensar essa pintura sem as relações econômicas que estão inscritas em sua confecção.

Capítulo 3. Começa mostrando como sa formas e estilos da pintura se relacionam diretamente ao ambiente social, e como ele se relaciona aos artistas. Defende a ideia de que a pintura pode apurar a nossa percepção de hoje sobre nossa sociedade. Estilo pictural constitui um acesso fundamental a experiência social de uma época. Um quadro antigo é um documento de uma atividade visual, portanto devemos aprender a lê-lo conforme lemos um texto proveniente de outra cultura. Mas a pintura não é uma simples história ilustrada. A pintura de Piero de la Francesca coloca questões da matemática, de Boticelli na dança: isso não se refere apenas aos pintores, mas à sociedade na qual viveram.

Capítulo 2 (tema da aula e da leitura): nós, do século XXI, olhando para essa atividade visual específica do século XV. Essa atividade intelectual como uma prática, uma habilidade apreendida e treinada no dia a dia.

Há estilos cognitivos individuais. Se temos em comum a faculdade da visão, o instrumento varia: há um mecanismo natural que faz ver, a percepção varia de indivíduo para indivíduo. Podemos ler representações de distintas maneiras. Mas se ela pode ser lida de muitas maneiras, ela tem ma legenda: é o edifício onde se encontra o santo sepulcro. Cérebro interpreta de maneiras distintas de acordo com as convenções sociais. Se isso parece evidente, devemos pensar nisso quando olhamos para um quadro.

Há estilos cognitivos individuais, há estilos com relação a nossas atividades profissionais (médico com uma apreensão do corpo humano que se distingue da do religioso: percepção informada pelas diferentes experiências e socializações).

Não lhe interessa as motivações do pintor. Essa sociedade italiana do século XV permite o desenvolvimento de certas capacidades cognitivas fundamentais para compreender como o pintor pintou assim e o que ele viu. São aproximações fundamentadas na documentação. Quadro propõe relações fundamentais entre o pintor e o observador.

Convenções: socialmente estabelecidas. Uma sociedade na qual a experiência religiosa é central. Pintor e seu público partilham um mesmo repertório cognitivo, partilham um gosto, ioerações análiticas. Fala de qualquer um, qualquer homem do século XV veria algo nessas pinturas.

Educação dos sentidos que a cultura possibilita, que se aprende na vida cotidiana, ouvindo os sermões, vendo o pregador, indo a igreja, assistindo a dança. Cotidianamente treinadas. Sermões e pintura: acesso para as passagens bíblicas. Essas pinturas pensam na divulgação das mensagens bíblicas.

Ele traz outras experiências que alimentam essa experiência, sem as quais seriam impossíveis pensar as pinturas: dança, drama, sermões. Eles defendem ser a visão o sentido privilegiado. Ao tomar a pintura, toma algo que tem centralidade para aquela época.

Não lhe interessa tanto uma análise das minucias sociológica sobre os diferentes estamentos da época compreendendo e apreendendo a arte. Mas existe sim um interesse histórico, uma sociologia macro histórica, na qual se pode ver um olhar de uma época, distinto do olhar de outra época, do olhar do século XVI, XVII...

Há um treinamento cotidiano do olhar que não é só o do homem culto. Contemplar traz consigo uma necessidade de emitir juizos. Olhar cotidianmente instruído. Sermões como fontes fundamentais, juntamente com os pregadores populares, fazem parte da vida cotidiana no século XV.

Sermões e pregadores oferecem um repertório gestual. Expressão dos sentimentos pelo gesto. Ideia de que os movimentos do corpo traduziriam os movimentos, os gestos da alma. Gestos do século XV que podemos ver lá e talvez não compreendemos um homem do século XV sabe interpretar: e não apenas o homem culto pode interpretar, mas também os estamentos menos favorecidos.

Encenações populares: representações populares. O que os pintores aproveitam daqui? Pintores usam figuras que introduzam o observador no quadro. A pintura se beneficia dessas experiências que fazem parte da vida cotidiana do povo. Se Baxandall chama atenção para aas diferenças em estamentos, ele depois generaliza: varia o tempo todo entre esses pontos.

Ideia interessante dos sermões e das obras de arte como uma função educativa. Público sabe o que é episódio: o hábito da reza e da meditação - representação pictórica. O pintor complementa, ele não tem a necessidade de dizer tudo. Ele torna visível a história sagrada, mas o público não recebe passivamente esse repertório de imagens, ele age ativamente, pois ele próprio tem um repertório imagético por ele imaginado. Exercício da reza e meditação vem acompanhado de uma representação visual. Pintura religiosa do século XV é o resultado entre a combinação de uma pintura propriamente dita e dos processos de visualização inetriores dos próprios observadores. Cultura como fruto dessas colaborações.

Pintor não tem a necessidade de reproduzir fielmente todos os detalhes: o episódio deve ser identificável, para compreendermos de que episódio se trata, mas os próprios interpretadores do século XV tem sobre esse episódio uma série de imagens. Pintura como fruto dessa parceria, entre o pintor e seu pública.Pintura do século XV: fruto da encomenda e da parceria.

Sermões permitem a visualização do mistério: vem acompanhado de projeções visuais. De que maneira as nossas rotinas cotidianas de hoje também modelam nossos esquemas cognitivos? Uma vez que não rezamos e não meditamos mais.

Como no estilo da obra identificar essas rotinas da época, século XV. Baxandall não está atrás da experiência invisível do camponês, algo que o aproximaria de De Certeau: mas talvez estas representações sejam realmente invisíveis. Baxandall preocupado com recuperar uma experiência social através de uma experiência que se inscreve no cotidiano. Rotinas. Práticas [termos que fazem parte do vocabulário de De Certeau – não a toa].

Sermões para Baxandall são uma fonte do pintor e para o próprio Baxandall. Eles ensinam uma série de coisas sobre visualizações interiores.

Observador do século XV capaz de interpretar inúmeras obras religiosas em detalhamentos que hoje nos seriam completamente difíceis de compreender. Sermões inspiram as pinturas.

Representações que fazem ver grupos. Matemática como elemento fundamental para composição dessas obras no século XV. As cores não tem o mesmo grau de importância que as teorias matemáticas. Intimidade com as medidas e a geometria são centrais para a modelagem desse olhar do século XV. Atenção para as formas e volumes.

Traços mais salientes desse olhar do século XV: olhar informado pela ciência, pela matemática. Esse olho é ao mesmo tempo um olho moral, carregado dessa religiosidade do século XV. Essas duas dimensões se combinam, não existe tensão entre a matemática (=ciência) e a religião. É a partir dessa combinação que é possível falar em um olho do século XV. Estilo composto a partir da experiência que está no quadro e no social. Contornos fundamentais da experiência cognitiva do século XV.

Relação com Baxandall e Lévi-Strauss: distanciado pela circunscrição temporal e espacial do primeiro. Lévi-Strauss tem um olhar que passeia por diversas artes e por diversos tempos e espaços: pensa correspondências.

Contexto não necessariamente histórico: mas sim o quadro de referência. Análise de LS não é uma análise histórica, não tem um contexto histórico, mas há sim um contexto, que é dado pleas obras de Seurat, de Prouts para analisar Poussin. LS não está preocupado com a experiência social nos termos que Baxandall está. Mas isso não significa que não exista um contexto.

Há limites naquilo que podemos ver.

Não devemos opor o olhar de Baxandall ao de LS: eles tem problemas distintos, não são um o contrário do outro.

Aula 7. pegar com a camila

Aula 8. Textos de Benjamin

Ao organizar esse curso, a professora optou pelo texto de Benjamin não para fazer uma discussão da Escola de Frankfurt, mas sim para tratar da perspectiva de Benjamin sobre a noção de experiência.

Aula passada: como a técnica impacta a maneira de apreender as obras.

Textos de Benjamin, de 1935 e 36. A obra de arte na época da reprodutibilidade técnica é um dos textos mais lidos e importantes de Benjamin. Os textos se comunicam – reconhecido pelo próprio Benjamin, no sentido em que ocorre uma perda da aura na decadência da figura do narrador de histórias.

O narrador

Atitude de narrar está em vias de extinção, desaparecendo na medida que as experiências se tornam pobres, uma vez que narrar é compartilhar experiências. Paralelo entre o desaparecimento da arte de narrar e a mudança nas força produtivas. Narrar correlacionado ao trabalho manual-artesanal.

Campo narrativo tem uma amplitude que articula um tempo, que se estende, e espaço, estendido também, quando a comparamos com o romance. Narrar como forma artesanal de comunicação, prática que retira sua força da relação entre narrador e ouvinte.

O romance, por sua vez, se dedica a uma descrição da vida, se isolando da relação entre narração e ouvinte. O romance encontra na burguesia pós-revolução industrial um meio favorável para seu estabelecimento. Fala também da questão de como a morte é inserida na experiência vivida: vai para um lugar mais higiênico. Narração como um campo extenso é perdida a partir do momento que o lugar da morte muda.

Inofrmação rompe com a narração e com o romance, pois ela comprime a relação ampliada do espaço e tempo. O que acontece aqui e agora é mais importante, devendo ser auto explicativo e plausível. Narração, pelo contrário, é aberta a infinita interpretações, especialmente na maneira como é contada e recontada, se ampliando e surpreendendo, mesmo longe de sua origem.

Paralelo entre historiador e cronista na relação entre a forma épica e historiográfica. Crônica como forma épica cuja base é a história escrita. O historiador tem a tarefa de encadear episódios a serem articulados de maneira inteligíbel. Já a narrativa deve colocar os fatos num fluxo “insondável de coisas”. Curso das coisas que escapa a categorias históricas. Capacidade da narrativa de misturar experiências vividas pelo narrador e por outros, sem a preocupação de apenas escrever, mas de sentir e fazer sentir – sempre a relação com o ouvinte.

A memória, historiografia enquanto registro escrito da memória, e concretizada no ato de narrar, é uma zona de criação sobre a qual o romance pode trabalhar. Estabelece um campo de tradições e experiências vividas.

Fala que a mão perdeu sua função no processo de trabalho e também na narração. Narrador-artesão trbaalharia sobre uma matéria, a vida humana, capaz de produzir algo sólido e útil. A partir dessa matéria, das experiências, retirar delas a sabedoria, e esse seria o produto que ele tira desse fluxo narrativo. Daí o narrador-artesão sendo um artista.

Efetivamente, qual o problema que Benjamin se coloca? Que problemas quer ele discutir?

Estaria ele se colando também como um narrador! Belíssimo ensaio. Trata-se de um texto de 1936, de alguém olhando para a sociedade contemporânea, descrevendo um processo. O que quer ele discutir a partir dessa teoria da narração? Quando fala em narrativa pensa em uma tradição oral ligada a uma certa experiência oral, forma artesanal de produção e trabalho e forma comunitária de vida social. Está diante da constatação de uma coisa que tem diante de seus olhos e ao memso tempo lançando um diagnóstico acerca da sociedade contemporânea.

Fala do empobrecimento da experiência. A decadência da arte da narrar tem a ver com esse empobrecimento da experiência. Relaciona isso com a guerra. Perda da experiência tem a ver com a perda da aura (do objeto artístico). Essa experiência está ligada a uma tradição, a uma memória coletiva, a uma experiência artesanal. Experiência ligada a partilha, que liga o narrador ao ouvinte. Comunidade de vida e sentido não há mais!

Narração acompanhada de um saber prático, dar conselhos! Se há um fim, é uma espécie de moral da história, que é possível extrair dela. Condições sociais para que essa narrativa tenha lugar mudaram. Como marxista,Benjamin quer mostrar que o que passa no nível da superestrutura tem a ver com a transformação das forças produtivas, embora varie o ritmo de transformação.

Transformações que se dão no plano da experiência literária. Experiência que ancorava as narrativas tradicionais não há mais! Quando pensa a narração, a arte de narrar, pensa o narrar histórias, a narrativa histórica. Podemos ver certos tributos dessa reflexão em Sobre o conceito de história.Se coloca contra uma visão linear e cronológica da história que tem a ver com sua desconfiança com relação ao progresso – o que não significa uma aversão. Ele recura, porém, uma versão progressita da história embora acredite em um socialismo. Mas também recusa uma retomada romântica do passado, que aparece em uma certa historiografia de tipo burguês.

Essa narrativa se encontra no passado, mas um passado que já é presente, que o germina (pensamento dialético). De que maneira ele articula essas dimensões de passado e presente? (isso lhe interessa) daí falar de Proust, pois rompe com todo tipo de linearidades, não escreve suas memórias, mas sim em busca de um passdo que alimenta o presente. A teoria da história de Benjamin é extremamente proustiana.

Dimensão de abertura que a narrativa tem é fundamental. Narrativa não é informação (lembremos que Benjamin pensa no romance clássico do século XIX – formação da cultura moderna, da criação de cultura de massas). Diante da difusão acelerada de notícias se apresentam para nós informações, novidades: somos bombardeados por informações em ritmo acelerado. Tem um compromisso com a novidade e com a veracidade (explicação). Nada mais diferente do que a narração: não há interesse em explicar, não se pretende plausível (há um componente mágico).

Discussão do narrador não é uma volta ao passado, mas ver o que ele germina no presente. Não há nenhum lamento nostálgico no texto, embora alguns intérpretes achem que existem.Ele foi lido com um certo pessimismo. A tese da nostalgia é mais difícil de ser defendida no texto da aura. Não se trata de nenhuma atitude regressiva. Ao indívíduo cabe procurar identificar-se no herói do romance. O romance também se alimenta de memórias, mas de reminiscências – super distante da memória que enlaça a narrativa, ir e vir, ouve e conta...

Narrativa traz a marca do narrador. Narrativa não apela somente a audição, envolve a alma, as mãos, ela é modelada pelas mãos do narrador. Trata-se de um trabalho artesanal ligado a forma artesanal: traz as marcas da mão do narrador da mesma maneira que o vazo as mãos do oleiro.

Há como se houvesse um repertório partilhado entre narrador e ouvinte – da mesma maneira que parece existir um repertório compartilhado do qual fala Baxandall – da mesma maneira que há um repertório em comum entre o pintor e o observador. Naada mais distante da experiência da leitura solitária do romance: a experiência muda, o mundo mudou. O indivíduo se desenha de um outro modo.

No romance, quando chegamos no final, tentamos recuperar algum sentido, um certo traçado linear. Benjamin está diante de uma evidência, e esta constatando algo, acerca desse mundo moderno, assistindo aos processos de transformação na arte. Adorno discute esses processos de formação da sociedade contemporânea pela música, mas Benjamin se foca mais nas artes visuais e literatura (sonbre a qual Adorno também falará). Quer tentar emitir um diagnóstico, um juízo sobre a sociedade de seu tempo. Nesse texto o diagnóstico não fica muito claro, por isso alguns interpretam que há aqui um lamento nostálgico com relação ao fim da experiência. Se trata mais de pensar o que esse passado, o narrador, é no presente. Seu interesse pela narrativa tradicional tem a ver com isso. A experiência é outra: que narrativas então terão lugar nesse mundo moderno, transformado.

Narrativa mistura camadas de experiências e portanto temporalidades. Narrativa é um ofício artesanal, manual, ancorada na tradição coletiva, por isso a morte não constitui um problema. Diferente da narrativa burguesa, para a qual a morte é um problema, é varrida, não pode ser exposta. Na narrativa tradicional a morte é parte da vida, não há com ela problemas.