terça-feira, 30 de junho de 2009

Nisbet sobre Burke

NISBET, Robert. Os filósofos sociais
PLURALISMO CONSERVADOR: BUKRT, BONALD, HEGEL
Ataque ás mudanças se inicia com aqueles que hoje consideramos conservadores, inclusive reacionários. É de se entender: era a sociedade tradicional que recebeu o ataque da Revolução Francesa. Os revolucionários abominavam (como haviam feitos certos filósofos que os precederam) “era todo o sistema de religião, classe e cultura identificado com o cristianismo, com o feudalismo e com tudo quanto acompanhava essas duas grandes e persistentes forças medievais” (p.400)
BURKE
Reação começa com Burke na Inglaterra. Era um whig (progressistas e contrários a James II): odiava o poder arbitrário (apoiara quatro revoluções:a Inglesa, antes de seu nascimento; a Americana; revolta dos bengalis, na Índia; insurreições dos católicos irlandeses.
Era contra o poder arbitrário onde quer que se estivesse:inclusive na Revolução Francesa, sob os revolucionários, especialmente jacobinos, que utilizavam técnicas análogas ao poder centralizado em nome dos “direitos da humanidade, racionalismo e da virtude absoluta” (p.402).
Era um tradicionalista: profunda crença em direitos, liberdade e igualdades cuja origem é a lei natural, mas que são modeladas pela história, firmando-se nas tradições, convenções e hábitos. Em nome dos direitos e liberdades historicamente estabelecidos em cada uma das sociedades que Burke se opõe ao poder arbitrário.
É a fonte do moderno conservantismo filosófico. Por ter criticado a revolução francesa que rompe com os Whig na Inglaterra e renuncia à sua cadeira no parlamento. Muitos o consideraram um traidor.
Mas seu ataque à revolução francesa baseava-se nos mesmos princípios que o levaram a defender americanos e hindus: “superioridade da sociedade tradicional e dos grupos e associações que a compunham” (p.403). Defender essa sociedade tradicional das técnicas de poder no governo moderno. Amor à tradição e à autonomia da organização centralizada e racionalizada: bases do conservantismo ocidental.
Nos interessa seu pluralismo e o ataque à centralização política, e não seu conservantismo. Estado e sociedade são o mesmo, e “sociedade civil” refere-se a uma união orgânica do governo com todas as esferas da ordem social. Possuem direito de existência. Não importa o qual popular possa ser o governo, ele jamais pode invadir de maneira atrevida áreas da ordem social como a religiosa, familiar, profissional e etc...
Cada sociedade é um contrato particular que não é mais do que uma cláusula de um grande contrato. Os governos não tem liberdade moral á sua vontade: Não há direitos que não sejam estribados na ordem social.
Não é contra todo tipo de mudança (estado deve realizar certas mudanças, caso contrário não pode se preservar). Prezava a ordem social britânica, elogiava a mudança ocorrida na Restauração e Revolução de 1688: uma “ordem social baseada na família, na vizinhança, na religião, na classe social e em unidades territoriais como as províncias, que refletiam a tradição histórica, e não o capricho ou a suposta inteligência de um so grupo ou geração. Conseqüentemente, é preciso que haja respeito e cautela quando se considera uma mudança” (p.405).
Odiava filosofias sociais que fazem dos indivíduos atomísticos as unidades da ordem social: sociedade só pode ser compreendida em seus próprios termos: costumes, convenções, grupos e comunidade. É demais complexa para ser transferida para um modelo de autoridade e organização único, unitário.
Ora, os revolucionários franceses pretendiam recriar toda a sociedade por meio da razão, destruir aquilo que consideravam feudal: criar novos territórios, população e contribuições (financeira). Intentavam destruir submissões tradicionais e criar novas, em harmonia com os fins revolucionários.
Burke encarava a situação de uma forma bem diferente: estão desvinculando as pessoas do que estão acostumadas, não mais se sentirão membros da França. É o primeiro dos modernos conservadores a criticar o Estado revolucionário-democrático: sentia que eram intrusões praticadas contra as legítimas esferas de autoridades e função em outros níveis da ordem social maior.

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