quarta-feira, 1 de julho de 2009

Aon sobre Regras do metodo socoogico

ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. Martins fontes: São Paulo, 2008
Émile Durkheim
- REGRAS DO MÉTODO SOCIOLÓGICO:
Nas suas três principais obras o desenvolvimento de seu pensamento é o mesmo: começa com uma definição do fenômeno para num segundo momento refutar as interpretações anteriores e, por fim, chegar a uma explicação propriamente sociológica do fenômeno considerado.
AS interpretações que Durkheim refuto tem as mesmas características: são individualistas e racionalistas. N’A divisão do trabalho social, Durkheim afirma que não se pode explicar o aumento da diferenciação social pelo esforço em aumentar a produtividade, busca pelo prazer. Explicação de Durkheim é sociológica pois propõe a prioridade da sociedade sobre os fenômenos individuais (aumento do volume e densidade moral).
Sociologia: estudo dos fatos essencialmente sociais. Regras do método sociológico: representa a formulação abstrata da prática da Divisão do trabalho social e do Suicídio. Baseia-se em uma teoria do fato social: possibilidade de um sociologia objetiva e científica tendo por objeto o fato social. Para a cientificidade da sociologia, duas coisas são necessárias: 1. Objeto específico, distinto dos das outras ciências; 2. Possibilidade de observá-lo de maneira semelhante de como outras ciências fazem. Assim, Durkheim formula que devemos considerar os fatos sociais como coisas e que a característica do fato social e exercer coerção sobre os indivíduos.
Ponto de partida: conhecemos, temos alguma vaga e confusa idéia dos fenômenos que nos cercam, por isso devemos nos livras das pré-noções para conhecê-los cientificamente. Por isso, devemos considerar os fatos sociais como coisas, tudo o que nos é dado, que se põe à nossa observação
Coerção: fato social é reconhecido na medida em que se impõe aos indivíduos. São gerais por serem coletivos, diferentes nas repercussões que exercem sobre cada indivíduo, tem como substrato o conjunto da coletividade. Aron sugere que se Durkheim considerava que os fenômenos sociais devem ser tratados como coisas por não comportarem uma interpretação diferente das dos fatos naturais, então ele errou.
Coerção para Durkheim, termo amplo e vago, sendo apenas uma característica externa que permite que o reconheçamos, não sendo a essência do fenômeno social.
1ª tarefa do sociólogo: definir o que está estudando, isolando uma categoria de fatos define o fenômeno considerado (condição indispensável para o trabalho científico). Uma vez verificada certa categoria de fatos, poderemos então encontrar uma única explicação. “Um efeito determinado provém sempre da mesma causa” (p.528). Agrupar os fenômenos segundo características externas que lhes são comuns, abrangendo na investigação todos que correspondam a esta definição.
Durkheim: definir os fatos sociais por suas características externas de fácil reconhecimento para evitar preconceitos. “o perigo deste método é duplo: substituir imperceptivelmente uma definição, intrínseca, por outra, extrínseca, relacionada com sinais exteriores reconhecíveis, e pressupor arbitrariamente que todos os fatos classificados nessa categoria derivam necessariamente de uma mesma causa” (p.529)
Tendência de classificar os fatos em gêneros e espécies está no Capítulo V (regras relativas à constituição dos tipos sociais). Classificação das sociedades: se baseia na idéia que o diferente grau de complexidade que as diferencia: determina a natureza de uma sociedade segundo seu grau de complexidade sem se referir às fases históricas. Critério para classificação científica das sociedades: número de segmentos justapostos
Distinção entre normal e patológico (a usará até o fim de sua carreira, uma das bases de seu pensamento). Essa distinção se relaciona com suas intenções de reforma: esperava poder fundamentar os conselhos de ação no estudo científico e objetivo dos fenômenos (distinção entre normal e patológico = intermediação entre observação dos fatos e preceitos).
Fenômeno normal: encontrado de modo geral numa sociedade de determinado tipo, em certa fase de seu desenvolvimento (até uma certa taxa de crime é normal). Impossível, dada a diferença das sociedades, reconhecer essa generalidade de modo abstrato e universal (visão relativista). O sinal decisivo da normalidade de um fenômeno é sua freqüência.
Explicação é definida pela causa: explicar é buscar sua causa eficiente, que o produz, depois pode-se procurar sua função, sua utilidade (não podemos definir pela função). Causas de um fenômeno social devem ser buscadas no social, na estrutura da sociedade, opondo-se à explicação histórica, em que a causa é procurada no passado (Durkheim não considera a explicação histórica científica). Só se pode explicar fenômenos sociais pelas condições concomitantes. “causalidade eficiente do meio social representa, para Durkheim, a condição da existência da sociologia científica” (p.534). Sociologia estuda os fatos do exterior, define rigorosamente conceitos pelos quais isola categorias de fenômenos, classifica sociedades em gêneros e espécies e, por fim, dentro de uma sociedade, explica um fato particular pelo meio social.
Prova da explicação obtida pelo emprego do método das variações concomitante: comparar casos em que estejam simultaneamente presentes ou ausentes e verificar se as variações apresentadas nestas diferentes combinações revelam que um depende do outro (modo de demonstrar que um fenômeno é a causa de outro). Deve comportar a comparação de m mesmo fenômeno em sociedades pertencentes a mesma espécie ou não. Sociologia comparada é a própria sociologia.
Sua sociologia se baseia no postulado de que a sociedade como uma realidade de natureza diferente das realidade individuais. Todo fato social tem como causa um fato social. Associação é o que caracteriza a vida em sociedade, com características específicas diferentes da mera vida em sociedade. Vida social é resultado da associação, das consciências coletivas, embora não se restrinja ao seu conjunto. Grupo pensa, sente e age de maneira diferente do que fariam seus membros se estivessem isolados.
Fato social: específico, por ser provocado pela associação de indivíduos, e diferente pela sua natureza, do que se passa no nível das consciências individuais.

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