quarta-feira, 1 de julho de 2009

Seminário Franz Boas - Suas inlfuencias

Após a elucidação referente ao contexto histórico em que vivia Boas e aos resultados obtidos por alguns textos de sua obra – guiados essencialmente pela conceituação da cultura como uma totalidade, da qual originariam diferenças entre as diversas populações, não sendo tais características oriundas de raças – é imprescindível tratar das influencias que o autor teve no pensamento antropológico. Dentre o amplo quadro que se abre ao tentar explorar a questão, abordarei aqui os autores que tiveram contato direto com Boas, como alunos ou não, ou que pelo menos viveram na mesma época produzindo obras importantes.
O trabalho de Boas, conforme a introdução de Celso Castro no livro Antropologia Cultural, serviu muito mais como uma crítica aos métodos que eram utilizados anteriormente, o hiper-difusionismo, o racismo e o evolucionismo, construindo a noção de que cada ser humano vê o mundo sob a perspectiva da sua própria cultura.. À partir de tais pressupostos – que servem como embasamento teórico para que mais pesquisas possam ser realizadas – Kroeber, Lévi-Strauss, Ruth Benedict, Margareth Mead e Gilberto Freyre puderam realizar seus trabalhos.
Lévi-Strauss
A imagem do falecimento de Boas em uma refeição próximo ao então jovem antropólogo Lévi-Strauss é por demais significativa: a morte daquele que era considerado um dos pais fundadores da moderna teoria antropológica falecendo ao lado daquele que se tornaria um dos maiores – senão o maior – nome da antropologia no século XX. Lévi-Strauss desenvolveu seus trabalhos muito, de fato, à partir da concepção Boasiana de cultura e suas influencias nas diferenças entre os homens.
Em alguns de seus textos, podemos observar que Lévi-Strauss está desenvolvendo temas caros à obra de Boas. Por exemplo, pressupondo que todos leram e possuem os textos em mãos, em Os métodos da Etnologia, nos penúltimo parágrafo da página 45, Boas trata da aparência estática que as culturas "tradicionais" (não ocidentais) teriam segundo a utilização dos métodos ultrapassados, enquanto ganharia dinamismo com o método que propõem. Este tema volta a ser tratado por Lévi-Strauss em Raça e História, quando afirma que não existem culturas estacionárias.
Ou na página 96, do texto Os objetivos da pesquisa antropológica, em que Boas trata do problema e incerteza de explicar biologicamente as diferenças no desenvolvimento das diversas sociedades. Lévi-Strauss, por sua vez, trata disso de maneira muito precisa e detalhada no mesmo Raça e História. Poderíamos passar aqui dias tentando buscar as relações entre as obras de Lévi-Strauss e Boas, mas devido ao tempo, passarei a análise de um brasileiro, que foi aluno de Boas, e escreveu à respeito da formação multiétnica nacional, e exerceu grande influencia no modo de se pensar o Brasil.
Gilberto Freyre
Gilberto Freyre foi aluno de Boas nos EUA. No prefácio á primeira edição de sua grande obra, Casa Grande e Senzala, Gilberto afirma ser através do conceito boasiano de cultura que fará uma análise da formação multiétnica brasileira, a fim de romper com a tendência racista entre os intelectuais brasileiros: "A formação patriarcal do Brasil explica-se, tanto nas suas virtudes como nos seus defeitos, menos em termos de "raça" e de "religião" do que em termos econômicos, de experiência de cultura e de organização de família, que foi aqui a unidade colonizadora".
Entretanto a relação com Boas não é tão facilmente indicada. Objeto de muitas discussões, Renato Benzaquen de Araújo afirma que existem diversas partes do livro permeadas por uma lógica e vocabulário racial, compatível inclusive com o determinismo racial do século XIX, mais do que com o elogio da diversidade racial. Há, porém, um contraponto: a inserção de um terceiro elemento, o meio ambiente, que serve de intermediário entre raça e cultura, encarando a raça de maneira neolamarckiana, de modo a acreditar nas possibilidades de adaptação ao meio e transmissão desses caracteres. Estaria, então, a noção de cultura de Freyre não plenamente compatível com a de Boas, mas guardaria desta a desconsideração de um caráter racista na formação multiétnica brasileira.
Kroeber
Primeiro aluno a doutorar-se sobre a orientação de Boas, em uma tese referente as representações simbólicas entre os Arapaho. Funda o Departamento de Antropologia na Universidade de Berkeley e se destina a tratar das relações entre cultura e arqueologia.
Maragaret Mead
Aluna de Boas, ela compartilhava com seu professor um certo engajamento com as questões sociais de seu tempo. Foi responsável por utilizar uma linguagem que facilitava o acesso à Antropologia, e tratou de temas controvertidos, como a questão do gênero, da liberdade sexual, e dos problemas enfrentados pelos adolescentes, em meio a uma sociedade, pelo menos em 1935, conservadora. Uma de suas idéias era a de que os papeis sexuais eram determinados pelas expectativas sociais. Fez trabalho de campo em Samoa.
Ruth Benedict
Aluna de Boas, assistente de aula de Maragareth Mead – da qual se tornaria grande amiga - Ruth Benedict concentrou-se nos estudos sobre as diferenças culturais nos diversos pontos do mundo. Baseia-se bastante nos pressupostos e conceitos de Boas referentes a cultura para desenvolver seus trabalhos. Em Padrões de Cultura, livro que será tratado ao longo do curso, Benedict expressa claramente a sua fé no relativismo cultural de que trata Boas: cada cultura teria o seu próprio sistema imperativo de moral.
Edward Sapier
Lingüista norte-americano que foi influenciado pelo pensamento de Boas. Escreveu a respeito da influencia da linguagem na maneira como as pessoas pensam e sobre as linguagens das tribos indígenas americanas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário