quarta-feira, 1 de julho de 2009

LÈVI-STRAUSS, Claude. Olhar distanciado. Capítulo VII:Estruturalismo e Ecologia

LÈVI-STRAUSS, Claude. Olhar distanciado.
Capítulo VII
Estruturalismo e Ecologia
Lévi-Strauss se diz acusado de idealismo, mentalismo. Retruca afirmando seu interesse pelos estudos culturais em que se opera o espírito, por ter se tornado etnólogo, e não filósofo. Além dos detalhes que presta aos dados etnográficos. Antropologia como ciência empírica: cada cultura é uma ocorrência única. Estudo empírico condiciona o acesso á estrutura: grupos sociais escolhem certas espécies animais ou vegetais (e etc..) para dotar de uma significação e pôr em forma lógica um conjunto acabado de elementos.
“Os materiais brutos que o meio ambiente natural oferece à observação e reflexão são, ao mesmo tempo, tão ricos e tão diversos que, de todas essas possibilidades, o espírito não é capaz de aprender senão uma fração. Ele serve-se deles para elaborar um sistema entre uma infinidade de outros igualmente concebíveis” (p.152)
Escolha dos elementos se organizam em sistemas e as relações que os unem formam todos coerentes: Coerência de cada sistema de classificação, que só pode ser apreendida a posteriori, depende das coações próprias do funcionamento do pensamento, que orientam a formação dos símbolos, explicam como eles se opõem e se articulam entre si.
Devemos observar e descrever certas orientações históricas e certas propriedades do meio ambiente e, por outro lado, as exigências mentais que, em cada época, prolongam as que tem a mesma natureza daquelas que as precederam no tempo: ajustam-se umas às outras constituindo um conjunto significante.
Nos guiamos pelos lingüistas, que sabem haver entre as línguas de todo o mundo propriedades em comum, e esperam atingir universais da linguagem: nenhum corpo finito de regras poderá esgotar todas as suas possibilidade. Assim, serão tidas como “estruturas abertas’: possibilidade de se encontrar lugar para novas definições, completar, desenvolver ou retificar aquelas que já lá figurem.
Conclusão: dois tipos de determinismo atuam em simultâneo na vida das sociedades.Por detrás de cada edifício ideológica há edifícios mais antigos, ecos de uma origem remota. “Mesmo que todas as maneiras como o espírito humano funciona em sociedades diferentes (...) suponham um equipamento comum, este maquinismo mental não funciona no vazio” (p.154)
Um regra estrutural: sempre que houver em um mito um fato que parece aberrante, devemos nos perguntar se esta versão que se desvia da norma não se oporá uma outra, presente em outro sítio não muito longe. Os termos “norma” e “desvio” devem ser compreendidos num sentido relativo.
Nestes mitos, cada um explica como foi atingido um determinado objetivo através de um meio igualmente determinado. O meio de um dos mitos e o resultado do outro se opõe: há um paralelismo entre o resultado do primeiro mito e o meio do segundo, que possuem uma proveniência comum mas exatamente oposta. Ou seja, mitos muito diferentes são produtos de um processo de transformação obedecendo certas regras de simetria e inversão. “Para dar conta do fenômeno, é-se então obrigado a postular que as operações mentais obedecem a leis, no sentido que se fala de leis do mundo físico” (p.158). São coações que mantém produções ideológicas no seio da isomorfia em que apenas são possíveis certas transformações (ilustram a primeira espécie de determinismo).
O espírito reage a condições técnicas e economicas ligas às características do meio ambiente natural, articulando-as em um sistema. Não se esgota nisso, devido a consciência de existirem outros meios em que diferentes povos reagem à sua maneira. “Presentes ou ausentes, todos esses meios se integram em construções ideológicas que se vergam a outras coações, estas mentais, as quais constrangem famílias de espíritos diversas a seguir os mesmos encaminhamentos” (p.161)
Características do meio ambiente: levam a modificar uma parte de sua história. Coações mentais: exigem que outras partes sofram modificações. Utiliza os mitos para exemplificar estes dois tipos de coações mentais: tanto as regras lógicas que permitem transformar os mitos aparentemente diferentes no mesmo, como a necessidade de coerência, para preservar a estrutura invariante das relações, falsifica a imagem do meio ambiente.
Ou seja, os dois tipos de determinismo: “Um impõe ao pensamento mítico coações resultantes da relação com um meio ambiente particular; o outro traduz exigências mentais que se manifestam com constância, independentemente das diferenças entre os meios” (p.167)
Necessidade de afinidade entre os dados sensíveis e sua codificação cerebral, os meios desta apreensão e o mundo físico.
Linguista analisa os sons de duas maneiras: tal como o ouvimos ou como se revelam descritos e analisados: Antropólogo faz o mesmo ao procurar conduzir ideologias empíricas ao jogo de oposições binárias e regras de transformação. Não podemos levar esta distinção muito longe.
Os dados imediatos da percepção sensível não um material bruto, uma realidade “ética” (tido como o único real por autores imbuídos de um materialismo mecanicistaa e filosofia sensualista), que não existem em parte alguma; mas sim propriedades distintivas abstratas do real, pertencendo ao nível “émico” (“operações sensíveis e o funcionamento mais intelectual do espírito se encontram e, fundindo-se em conjunto, exprimem a sua comum adequação à natureza do real”).
Estrutura não é um produto puramente mental, mas os órgãos e sentidos já possuem uma atividade estrutural, análoga a tudo que existe fora do “eu”. Já que estas estruturas não podem ser apreendidas em nível “ético”, por isso são do nível “émico”.
Reconhecer que o espírito só pode reconhecer o mundo por ser parte dele não é pecar em mentalismo ou idealismo. Análise estrutural não se põe em movimento no espírito se seu modelo já não estiver no corpo. Estruturalismo reconcilia o físico e o moral, a natureza e o homem, o mundo e o espírito.
Análise estrutural: unifica perspectivas que durante dois ou três séculos foram consideradas incompatíveis: sensibilidade e intelecto, qualidade e quantidade, concreto e geométrico, “ético” e “émico”. Realidade pode ser significativa aquém do plano científico, sobre o da percepção dos sentidos. Os vegetais e animais não são apenas fontes de alimentos: mas dão ao homem desde o início a fonte de suas emoções estéticas mais intensas e, na ordem intelectual, de suas primeiras e já profundas especulações.

2 comentários:

  1. bom dia

    tenho uma tarefa na universidade a respeito do cap 1 do livro : Olhar distanciado do autor : levi strauss vc pode me ajudar na elaboração das idéias ?

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  2. meu email: feliphccn1@gmail.com
    tenho que entregar amanha esta resenha

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